A FAMÍLIA BLAQUIER

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O que está ocorrendo na província argentina de Jujuy?

Ocorre que a família Blaquier, uma família argentina “respeitabilíssima”, vive em Buenos Aires e viaja de avião privado uma vez por ano para supervisar suas poderosas empresas na província nordestina de Jujuy.

A usina açucareira Ledesma, a maior da Argentina e propriedade da família Blaquier, dedica sua produção a biocombustíveis.

Em 1976, quando do sangrento golpe militar, a família Blaquier emprestou os veículos da usina para que sequestrassem mais de 300 civis acusados de “comunistas”. Nos galpões da usina foram encapuzados, torturados e desaparecidos.

A família Blaquier acumula em Jujuy 157 mil 556 hectares de sua propriedade.

Acontece que há uns dias atrás, 500 famílias dos arredores que não têm terras, nem casa nem trabalho, ocuparam 40 hectares da usina da família Blaquier. Ergueram barracas com paus e tetos de lona. A Corrente Classista e Combativa, CCC, começou uma negociação com a empresa para resolver o problema.

Nenhum diálogo. Os guardas privados da família Blaquier e centenas de policiais provinciais com ordem de disparar se apresentaram no prédio “invadido” pelas famílias pobres. Quatro mortos, sessenta feridos, centenas de detidos, crianças intoxicados com gases lacrimogêneos.

Depois da brutal repressão, a empresa da família Blaquier começou a passar tratores para desmantelar as barracas e impedir que os “invasores” regressem.

Com 40 hectares se resolveria o problema de moradia e sobrevivência destas famílias. Mas a família Blaquier não quer ceder nem um de seus 157 mil 556 hectares.

Quem são os invasores? Porque essas terras de Jujuy foram arrebatadas há muitos anos dos povos originários. E quem agora as “invadem” são os descendentes daqueles povos originários. E os antepassados de quem agora se chamam “proprietários” foram os verdadeiros usurpadores de terras. Usurpadores e cúmplices de genocídio, como a família Blaquier.

Casualmente, na Argentina existe uma Lei de Emergência da Propriedade Indígena. Sobre ela compartilhamos com vocês estes 4 spots produzidos pelo CPR, Centro de Produção Radiofônica de Buenos Aires e o Grupo de Apoio Jurídico pelo Acesso à Terra.

Que sirvam também para “celebrar” o 9 agosto, Dia Internacional das Populações Indígenas que continuam sem ter acesso a suas terras ancestrais.