AS CAMUCAMERAS

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Entrevista a Eusébia Aspajo.

CONTROL CANÇÃO AMAZÔNICA

REPORTER Desde 1995, sempre 15 de outubro se celebra o Dia Internacional da Mulher Rural. Agricultoras, camponesas, chacareiras, são mais da quarta parte da população mundial e as maiores produtoras de alimentos.Falamos com uma delas, Eusébia Aspajo, cuja vida transcorre nas imensidades da amazônia peruana.

EUSEBIA Eu sou Eusébia Aspajo. Eu sou líder em minha comunidade faz muitos anos. Nesta oportunidade, venho desempeñando-me como assessora de um comitê de productores de camu camu.

REPORTER Onde está tua comunidade?

EUSEBIA Minha comunidade está localizada no distrito das Amazonas, na boca do rio Napo e Amazonas. Aí cultivamos esta planta que é o camu camu. Somos natamente agricultores que se dedicam à agricultura.

REPORTER E como é o camu camu? Para que serve?

EUSEBIAÉ uma fruta de nossa região. É uma fruta com alto conteúdo em vitamina C que serve para o resfrio, o diabetes, a debilidade. É uma maravilha em medicina, porque tem alto conteúdo de ácido ascórbico, mais que os demais cítricos da região.

REPORTER E no comitê de camucameros… são só mulheres?

EUSEBIA Não, não somos pura mulheres. Somos nove, entre nós cinco homens e quatro mulheres. Quase somos equitativos. Eu , nos diferentes talheres onde apremos a equidade de gênero e os direitos humanos, sempre compartilhava em minha comunidade e parece que a sociedade se deu conta, e homens e mulheres temos oportunidades.

REPORTER E diga-me, Eusébia, como conseguiu sair à frente deste comitê de camucameros?

EUSEBIA O que nos faltava é saber como entrar a um mercado. Ou seja, temos a produção, não sabemos a quem vender. E não sabíamos o que fazer. Chegou um engenheiro, de chamado Suárez, de uma ONG, de CEDECAM. Nos disse, olhem, o mercado já está assegurado, terão apoio técnico, logo também capacitação a nível de organização, também um diplomado. Nós não queremos que sejam simples produtores, sinão empresarios.

REPORTER Explíca-nos como é o trabalho de vocês …

EUSEBIA Nós chamamos o trabalho rotativo. Hoje nos ajudamos todos a um, amanhã todos a outro, assim rotamos, todinhas as parcelas começamos a limpar. Nossa meta é ter 10 hectáreas. Bom, mas nós devemos ser empresa, então o que fazer? Há que começar, mas para formar uma empresa custa. Então, vamos colocar cotas voluntárias, vamos a abrir um poupança, nosso fundo de capitalização. Nossa empresa se chama Empresa Produtora e Comercializadora de Camu camu e Produtos Agrários, porque não somente vendemos camu camu, sinão também arroz, milho, feijão, chiclayo, tudo o que é agrário, pois.

REPORTER E como fazem para exportar o camu camu?

EUSEBIA Aqui em Iquitos há um local para tirar a polpa da fruta. Nós trazemos o camu camu, aqui o despolpam e logo mandamos a Lima e de daí à Europa. Há um mercado assegurado, mas nós temos uma meta: nossa visão não é assim com intermediários, nós queremos trabalhar diretamente com os europeus, nisso estamos. Nos dizem que ser empresários também corre um risco, mas tudo nos serve para experiência. Meu comitê, minha empresa, é bem… se arriscam , não temos medo de nada.

REPORTER Eusebia Aspajo, agricultora, empresária e dirigente, o que dirias às mulheres camponesas?

EUSEBIA Bom, a todas minhas amigas mulheres eu lhes diria que tomem valor, que tenham esse valor, que tenham auto-estima, que se queram em primeiro lugar. E digam eu posso, porque o que falta a uma mulher do que tem um homem? Eu sempre lhes digo, às mulheres somos mais inteligentes que os homens porque as mulheres desde que amanhece o dia estamos pensando o que vamos a dar de comer a nossos filhos. As vezes, não há o que dar-lhes de comer, mas somos tão inteligentes que já estamos servindo a mesa e a comida à criança.

REPORTER Não têm problemas com os homens?

EUSEBIA Algumas são tímidas. Que meu marido… Não, meu amor, lhe digo. Conversa com teu companheiro. Diga-lhe que tu também, quando tu te abres campo, vai conhecendo mais, vai poder ajudá-lo também, vai dar-lhe mais ideias. Então, assim vamos ir crescendo. Porque se continuamos aí frustradas, tímidas, medrosas, nossos filhos também vão ser iguais. E que sociedade estamos formando?

CONTROL MÚSICA AMAZÔNICA

ENTREVISTA
Eusebia Aspajo, Iquitos, octubre 2006.