BEM CLARINHO
Um comício onde as crianças deixam bem clarinho seus direitos
MENINA Limites, meninas e meninos! Limites!
MENINO Eu tenho limites, você tem limites, ele tem limites, nós temos limites, vós tenhieis teniiieis
MENINA “Tendes”, se diz companheirinho.
MENINO Isso, tendes limites e eles têm limites.
OUTRA MENINA Bravo! Bravo! Uuuh!
MENINA Dito mais clarinho Meu corpo tem limites e ninguém pode tocar-me se eu não quero;
ninguém pode fazer nada se eu não quero… e se eu não quero, não quero sempre, então,
…e não me molestem!
MENINO Que queremos dizer? Queremos dizer que estamos cansados de que continuem nos violando, vendendo, comprando, manuseando, batendo e outra vez violando… Nada
sempre! Queremos acabar com isso! Sim ou não, companheirinhos? Algumas crianças Sim
MENINA Vamos dar as boas-vindas ao menino Brilho, ao pequenino carregador de bananas e
Margarita.
MENINO Não queremos ver mais meninos mortos na TV, no jornal, na rua, em nenhum lugar.
MENINA E estamos aqui contra o abuso de crianças como nós.
TODOS Mmm…
MENINA Ou seja, de mim… Ou seja, de vocês, não vê? Ou seja…
MENINO De todas as crianças, companheirinha.
MENINA Isso! De todas as crianças.
MENINO Companheirinha, e dos adolescentes?
MENINA Sim, deles também… São nossos amigos.
MENINO Vamos dar as boas-vindas ao garotinho pasteleiro, a Danielinha, a garota que guarda carros e ao Joaquinzinho…
MENINA Jamuychej kayman… Parlakusunchej!
MENINA Agora queremos deixar bem clarinho três coisas.
A primeira: não vamos trabalhar nunca em um lugar onde sejamos maltratados,
chicoteados, explorados e depois jogados no rio, como não sei que coisa… Nada sempre!
Não vamos trabalhar nunca assim!
UMA MENINA Nunca!
UM MENINO Nunca!
MENINOS E MENINAS Nunca!
MENINO A segunda: jamais, – somos crianças, mas sabemos falar, que coisa disseram? – jamais vamos deixar que alguém toque em nossas partes privadas! Ou seja, em nosso pênis, em nosso passarinho, em nosso pintinho… E o mesmo nas meninas Jamais deixarão que toquem em sua…, em sua… florzinha, em sua passarinha, em sua…
MENINA Vagina, companheirinho, em sua vagina. Jamais deixaremos que nos manuseiem e… Ama rabiachiwaychu!
MENINOS E MENINAS Bravo, bravo!
MENINO A terceira: nunca vamos nos calar… Agora sim, lloqallas, este é bem importante. Nunca, jamais, vamos calar-nos quando alguém nos manuseie ou nos faça tocar suas partes ou nos faça fazer qualquer dessas porcarias. E muito menos por dinheiro! Nunca!
MENINOS E MENINAS E não me molestem!
MENINA Então, nunca vamos trabalhar onde nos explorem até nos matarem de cansaço, nunca
vamos deixar que toquem nossas partes privadas, e nunca vamos nos calar
quando nos façam ou queiram fazer-nos sacanagens.
MENINO Precisamos dizer sempre para mamãe ou para o papai ou para polícia ou ao conselho tutelar ou ao presidente… que fique sabendo! É preciso parar com isso, sim ou não, companheirinhos?
Multidão de crianças Sim!!!
MENINA Pronto. Isto é. Está bem clarinho, não? Agora, vamos.
MENINO …E quando voltarmos, vamos falar dos pais. Agorinha já temos que ir. Q’ayakama, companheirinhos.
TODOS E TODAS Q’ayakama
MENINA Tchau, tchau, q’ayakama.
Foi uma produção de Infante, Promoção Integral da Mulher e da Infância. Cochabamba é uma cidade da Bolívia.
Escrito por Alejandro Marañón.
sistema de produção econômica de um país, uma região e na manutenção
econômico de um grupo ou clã familiar. A exploração infantil é um flagelo que castiga
em especial os países em vias de desenvolvimento, mas também afeta os países
industrializados.
Fala-se de exploração infantil nos seguintes casos:
– Crianças em idades compreendidas entre os 12 e os 14 anos que realizam qualquer trabalho que implique um risco e seja evidentemente perigoso.
– Todos aqueles menores de idade que são vítimas das piores formas de trabalho infantil como as seguintes:
– Crianças vítimas do tráfico
– Que sofrem qualquer forma de escravidão
– Obrigados a prostituir-se.
– Recrutados à força, obrigados ou induzidos a realizar atividades ilegais ou que Ameaçam sua integridade.
Por sua parte, a violência sexual comercial é toda situação a qual uma pessoa
menor de 18 anos é forçada a executar atos para satisfazer a outra/as. Não importa se
há remuneração da criança ou não… a criança e/ou adolescente é tratado como objeto
sexual e uma mercadoria. (Facciuto Bettina y Gonzales Sara “Problemática del trabajo infantil”)
O presente radioclip é a manifestação de crianças contra a violência sexual comercial e contra a exploração do trabalho infantil de crianças e adolescentes.
Para transmitir fora de um programa.
1.- Antes de transmitir o radioclip o condutor deve anunciar que se alguém conhece,
sabe ou ouviu algum caso de violência, trafico de crianças, e/ou violência sexual
comercial de crianças e adolescentes, deve denunciar às instituições pertinentes
Defensorias, Serviço Legal Integral Municipal (SLIM) ou ao Conselho Tutelar.
2.- Passar o radioclip.
3.Depois de ser transmitido o radioclip é importante dar a conhecer os conceitos
básicos sobre violência sexual comercial e exploração do trabalho infantil
Sugerimos fazer uma reflexão sobre a importância da comunicação dentro da
família e sobre quais são os fatores que geram este tipo de problemas. É assim que se
deve esclarecer que a carência de afeto e comunicação podem ser as causas para que as
crianças e adolescentes sejam vítimas de enganos por parte de terceiros que podem
levá-los a uma muito possível exploração do trabalho e/ou exploração sexual.
É importante destacar a instrução das crianças sobre estes temas para que elas
mesmas possam reconhecer estes casos de violência.
Todo horário é recomendado
Recomenda-se a presença de um adulto para que o conteúdo do clip não seja
distorcido.
Para transmitir durante um programa ou uma oficina.
1. Você sabe o que é a violência sexual infantil ou a exploração do trabalho infantil ou a
exploração sexual comercial infantil?
2.- Você acha que as crianças sabem o que é a violência sexual infantil ou a exploração
do trabalho infantil, ou a exploração sexual comercial infantil?
3.- Fazer ouvir o radioclip
4.- Você acha que é importante que as crianças conheçam e visualizem esta
problemática? Por quê?
5.- Você acha que a família pode ajudar a prevenir este tipo de violência e
exploração?
6.- Você acha que a família é causante deste tipo de violência e exploração?
7.- Alguém conhece algum caso de violência sexual infantil ou a exploração do trabalho
infantil ou a exploração sexual comercial infantil?
8.- Na plenária pode-se realizar um pequeno sociodrama para exemplificar, concretizar
e tornar manifesto o problema. Aqui algumas opções
*só pais
*crianças e pais
*um caso de violência e/ou exploração
*É importante destacar o papel da família como ente de prevenção
Se receber uma ligação de denúncia, encaminhe o caso ao Conselho Tutelar ou a Vara da Infância mais próxima.