CULTURA OU TORTURA?

Radioclip en texto sin audio grabado.

Escravidão, mutilações, infanticídio, incesto… Quatro spots sobre estes abusos injustificáveis.

SPOT 1

CONTROLESICA ÁRABE

REPÓRTER Estamos em Kabul, a capital de Afeganistão. O mercado é uma passarela de mulheres. Como são? Morenas, ruivas? Impossível sabê-lo. Estão ocultas por trás da burca, uma túnica que cobre totalmente seus corpos. Uma prisão de tecido, símbolo de todas as proibições. Elas não podem estudar, trabalhar, rir, falar, serem pessoas. Assim ordena a xariá, lei fundamentalista dos talibãs.

HOMEM E está bem ordenado. As mulheres são flores cujo perfume deve ser só para o marido. Essas são nossas tradições. Assim é nossa cultura.

MULHER Está enganado, amigo. Nenhum abuso se justifica com o pretexto “das tradições”. A violência contra as mulheres não é cultura. Chama-se tortura.

SPOT 2

CONTROLE TAMBORES AFRICANOS

REPÓRTER Estamos em uma comunidade de Quênia. Um grupo de meninas faz fila na frente de uma cabana. Ouvem-se soluços, gritos… É a mutilação genital a qual estão submetidas mais de duzentos milhões de mulheres em 28 países do continente africano. A dor é espantosa. O sofrimento dura a vida inteira. O direito ao prazer lhes é negado, são convertidas em objetos de uso sexual para os homens.

HOMEM Para encontrar marido, uma mulher deve ter cumprido com esta prática. Assim será fiel e não irá com outro. É o que manda a tradição. Assim é nossa cultura.

MULHER Está enganado, amigo. Nenhum abuso se justifica com o pretexto “das tradições”. A violência contra as mulheres não é cultura. Chama-se tortura.

SPOT 3

CONTROLESICA INDIANA

REPÓRTER Milhares de homens caminham pelas estradas de Calcutá. Onde estão as mulheres? São poucas as que encontramos.

HOMEM Os filhos trabalham e ganham dinheiro. As filhas são um problema. É preciso alimentá-las e pagar dote para casá-las.

REPÓRTER Na Índia desencadeou-se uma onda alarmante de infanticídio. Muitas mulheres são obrigadas a matar suas filhas quando nascem ou abortá-las quando conhecem o sexo do feto. 22 milhões de meninas são tidas como desaparecidas.

HOMEM É que uma mulher não vale o mesmo que um homem. Assim dizem nossas tradições. Assim é nossa cultura.

MULHER Está enganado, amigo. Nenhum abuso se justifica com o pretexto “das tradições”. A violência contra as mulheres não é cultura. Chama-se tortura.

SPOT 4

CONTROLESICA NICARAGÜENSE

REPÓRTER A festa está pegando fogo em Chontales, Nicarágua.

HOMEM (BEBADO) Escute o que te digo, compadre… Todas as mulheres que estão sob meu teto… as meto em meu leito! (RISADAS)

REPÓRTER Na América Latina, 30 por cento das meninas e 15 por cento dos meninos, de todas as classes sociais, foram vítimas de incesto, quase sempre nas mãos de seus pais ou padrastos. Em alguns países, como na Nicarágua, esta porcentagem aumenta consideravelmente.

HOMEM E qual é o problema? Quem vai a iniciar melhor que eu, seu pai, nos prazeres da vida? Assim temos feito sempre. Assim é nossa cultura.

MULHER Está enganado, amigo. A violência contra as mulheres não é cultura. Chama-se tortura.

BIBLIOGRAFÍA
CEDAW, Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, e Plataforma de Ação da CCMM, Beijing.
www.advocatesforyouth.org/publications/iag/renunciar.htm