ESPINHA NO ROSTO, PELOS NAS MÃOS

Radioclip en texto sin audio grabado.

Um conto sobre educação sexual produzido por CONFIE.

NARRADORA Era uma vez um colégio onde…

RUBENS Ei, encontraram um cara do nono ano com uma menina do sétimo no banheiro.

BETO Sério, de verdade? E que faziam, ah?

RUBENS O que mais, ora?… Não entende?

BETO Aquilo?… Uiiiii! Era namorada dele?

RUBENS Não sei, acho que só era sua ficante.

NARRADORA Os pais e mães ficaram sabendo e mais rápido que imediatamente, pediram una reunião…

PAI É um perigo para nossas filhas, diretora.

MÃE E para nossos filhos, também.

PAI Tem que ser feito algo, por disciplina, um psicólogo que lhes oriente, cuidadores.

NARRADORA Enquanto no colégio discutiam, Beto e seus amigos escapavam para “brincar”…

RUBENS Agora, todos juntos. Não sejam idiotas… vamos ver quem urina mais longe…

GAROTO O que tem o maior, com certeza.

BETO Nada a ver, eu li na internet.

RUBENS Melhor outro concurso… De punheta!

BETO Não seja louco, Rubens. Isso não, cara.

RUBENS E você não seja lerdo. Já tem 12 anos, vamos… todos fazemos isso.

NARRADORA Beto se preocupava muito com seu corpo, nas noites aconteciam com ele coisas estranhas. Isso que fazem seus colegas será normal?

BETO Veja, Rubens, minha mãe diz que se… é… nós podemos adoecer, diz que a cara fica cheia de espinhas. Olha, já tenho duas no meu nariz…

RUBENS Não seja mané… só crescem pelos em suas mãos… Não acontece nada!

BETO E as garotas? Também…?

RUBENS Não sei. Mas podemos segui-las. Elas estão indo a minha casa com minha irmã. Vamos?

NARRADORA E bem próximos de onde estavam as garotas conversando e rindo…

GAROTAS Que número você usa? 28? Não. Os meus não cresceram ainda. E se acabo sem nada? Não seja tonta, logo vão crescer… Encha-os com meias… Loucas, sabem que a Andreia tem um namorado? E me contou que a tinha beijado pra valer… Aggg!… Para mim é muito romântico isso do amor.

NARRADORA Os garotos se foram frustrados porque não viram o que queriam. E convencidos que eles eram mais adultos, mais experimentados sexualmente.

GAROTOS Que chatas, só estão falando!…“A Andreia tem namorado”…

RUBENS Minha irmã tem 13 anos. E já menstrua. Se a vissem, se fazendo de gostosa.

BETO Cuidado com um sobrinho!

RUBENS Cala a boca, estú…

BETO É sério. É assim mesmo.

NARRADORA O escândalo no colégio continuou por um tempo. A discussão era sobre lhes dar ou não educação sexual…

MÃE Isso mesmo, senhora diretora. Que nossos filhos saibam a verdade.

PAI Qual verdade? Eles têm 12 anos e 13 anos. Quer que lhes tiremos sua inocência?

MÃE Que lhes tiremos a ignorância, senhor. É a única maneira de que não lhes aconteça nada de mal, de prevenir doenças, de evitar abusos.

PAI Seguramente, você quer que lhes falem de camisinhas, de homossexuais, de sexo. Como se não tivessem já bastante com a televisão! Ah! E você não gostaria que eles vissem pornografia?

MÃE Não, senhor. Nossos filhos e nossas filhas precisam de uma boa educação sexual que lhes assegure sua estabilidade emocional, como se relacionar afetivamente.

DIRETORA Um momento, senhores. O que aconteceu no banheiro do colégio foi uma exceção. Nós damos educação sexual, seus filhos conhecem os órgãos reprodutores.

PAI Escutaram? esse é o resultado!

MÃE Por favor, senhor, não seja antiquado…

NARRADORA Os pais e as mães não entravam em acordo. E os garotos continuavam investigando por sua conta…

RUBENS A loira da chochota louca!… Este filme deve ser massa véi.

BETO Quem te deu?

RUBENS Ninguém. Meu pai tem uns filmes escondidos.

BETO É?

RUBENS Em um lugar que só eu sei.

NARRADORA Com o tempo, os pais e as mães foram se esquecendo do assunto. A diretora colocou vigias nos banheiros. A educação sexual continuou como um curso de biologia. E os garotos e as garotas não encontravam resposta a suas perguntas…

GAROTO A masturbação é má?

GAROTA Até quando tenho que ser virgem?

GAROTO Grande? Pequeno?

GAROTA Eu o amo, tenho que ter relações sexuais?

GAROTO A primeira vez não engravida?


GUIA DE USO

PERGUNTAS PARA O DIÁLOGO COM MÃES E PAIS DE FAMÍLIA:

– Que diferenças e semelhanças encontram entre o conto e suas vidas cotidianas?

– Que tipo de educação sexual se está dando aos meninos e meninas na escola? Em casa?

– Dialogam e conhecem as inquietudes sexuais de seus filhos e filhas?

– Que critérios consideram úteis para educar na sexualidade a seus filhos e filhas?

ATIVIDADES COMPLEMENTARES:

Dinâmica: Nossas crenças.

Que informação e conhecimentos tenho sobre a sexualidade? E que crenças?

– Se forma uma fila com os participantes. Quem dirige a dinâmica vai lendo frases sobre sexualidade. Quem pensa que é verdadeira, se põem a direita. Quem pensam que é falsa, a esquerda. Quem tenha dúvida, ficam no centro.

– Depois, os grupos que escolheram verdadeiro ou falso discutem e argumentam sua posição tentando que as pessoas que ficaram com dúvidas se unam a seu grupo até que todas tenham se posicionado.

– Se repete o mesmo com umas 5 ou 6 frases.

– Terminadas as frases e as argumentações se abre uma plenária para conversar sobre como se sentiram tocando nesse temas (insegurança, conhecimento, didas, evasão, nervosos, aborrecidos).

– A condutora ou condutor finaliza resumindo a jornada e assinalando os mitos acerca da sexualidade dos meninos, meninas e adolescentes.

Frases sugeridas:

– Na primeira relação sexual, as meninas não ficam grávidas.

– Os homossexuais são doentes e querem ser mulheres.

– Se as mulheres se negam a fazer sexo com seus parceiros, eles se cansam e as deixam.

– A violência entre casais de namorados não existe. É uma etapa romântica.

– A masturbação é um vicio de homens.

– O abuso e a violência sexual se dão só fora da casa e por desconhecidos.

Dinâmica:

O teatro da vida, como atuamos diante as perguntas sexuais de nossos filhos e filhas?

Se formam casais (podem ser 5 ou 6 casais).

Cada casal vai encenar durante uns 5 minutos uma situação difícil com um filho ou uma filha a respeito de suas perguntas ou experiências sobre sexualidade. De preferência sugerir as cenas.

Ao final das representações, os atores e atrizes comentam com o grupo como se sentiram em seus respectivos papéis.

Em plenária, discutem como responder ante situações semelhantes. Quem conduz vai tomando nota no quadro e depois analisa o porquê de suas atitudes. Se pode mudar? O que precisam para mudar?

Cenas sugeridas:

– Uma garota confessa a sua mãe que seu padrasto a namora.

– Um garoto pergunta a seu pai sobre a homossexualidade.

– Uma garota quer saber se pode ou não ter relações com seu namorado.

– Uma mãe encontra a sua filha tomando anticoncepcionais.

– Uma mãe sabe que sua filha de 14 anos tem relações sexuais com um garoto.

– Um pai encontra seu filho vendo pornografia.

CONCEITOS PARA TRABALHAR AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES:

1. Mitos e crenças errôneas sobre a sexualidade

– Sexualidade e sexo são a mesma coisa.

– Os meninos, meninas e adolescentes não têm sexualidade.

– A informação sexual incita os jovens a terem relações.

– A sexualidade é sagrada, a natureza é a que ensina como agir, cada coisa a seu tempo. Portanto, não é preciso educar, aprendem sozinhos.

– Se conversar sobre condutas sexuais diferentes vão querer experimentar ou vão se tornar homossexuais.

– Os adolescentes não mantém relações sexuais.

– O abuso sexual só ocorre com meninas, não com os meninos.

– Que se deve ensiná-los a ter medo e andar com cuidado para evitar doenças, AIDS ou gravidez.

2. Educação sexual

Educação sexual tradicional

– Se baseia na função biológica: centrada no coito e nos genitais. Para a reprodução.

– Tem que controlar: é um tabu e constitui um perigo para os jovens.

– Somos heterossexuais. A homossexualidade é uma doença.

– Adultista: meninos e jovens não possuem inquietudes nem relações sexuais.

– Sexista: permitida para os homens, proibida às mulheres.

– Legalista: só está permitido dentro do matrimônio.

Educação sexual integral

– Integra o biológico, afetivo e social. Resgata o direito ao prazer.

– A sexualidade é um direito. É natural e é cultural. Necessitam se informar e aprender.

– Existem diversas possibilidades de expressão da sexualidade. Todas são humanas e válidas.

– Todas as pessoas de todas as idades são seres sexuados. E mais da metade dos jovens maiores de 15 anos mantém relações sexuais.

– A sexualidade é uma qualidade de mulheres e homens sem discriminação.

– O amor e o sexo são atividades humanas, portanto, livres e se decidem por própria responsabilidade.

BIBLIOGRAFÍA
Una producción de CONFIE, con el apoyo de la Asociación Huauquipura y el financiamiento de la Diputación del Gobierno de Aragón para la “Implementación del Sistema de Calidad CONFIE, de persona a persona”. info@confie.org.ec