O CINISMO DE ISRAEL

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Às vésperas de uma invasão terrestre contra a Faixa de Gaza.

Há um velho truque praticado por todos os bandidos. Consiste em apresentar o agressor como agredido e a vítima como carrasco.

Os brancos recém-chegados à América do Norte massacraram os indígenas que ali viviam e lhes roubaram suas terras. Mas nos filmes de Hollywood, os vaqueiros são os heróis e los índios uns assassinos selvagens.

A mesma coisa está acontecendo nestes dias, e há décadas, no conflito entre Israel e Palestina.

Às vezes, lemos na imprensa: “É uma situação muito complicada. Ambos os lados se atacam, ambos se defendem, tudo é muito confuso.”

Nenhuma confusão. O que acontece entre Israel e Palestina é muito fácil de compreender. Israel ocupa um território que não é seu. E não quer devolvê-lo. Nada mais.

Em 1947, a nascente organização das Nações Unidas tomou uma decisão arbitrária: dividir o território palestino em dois pedaços. Na melhor parte (14 mil quilômetros quadrados) os judeus estabeleceriam o Estado de Israel. Na outra metade, ficariam encurralados os palestinos.

Centenas de milhares de famílias palestinas foram expulsadas das terras onde haviam nascido e tiveram que refugiar-se nos países vizinhos.

Mas Israel não estava satisfeito. Queria mais. Queria todo o território. Em 1967, durante a chamada Guerra dos Seis Dias, Israel se apoderou da Cisjordânia e Gaza, de toda Jerusalém, até das colinas de Golã na Síria e do Sinai egípcio.

Desde essa data, Israel não fez outra coisa que ocupar terras palestinas e instalar nelas colonos judeus. Basta olhar este mapa para compreender a voracidade do governo de Israel.

O que está acontecendo nestes dias é um banal pretexto para uma nova repressão na Faixa de Gaza. Depois da operação “Chumbo Fundido” em 2008-2009, onde o exército israelense massacrou mil e quinhentos civis, agora planejam uma invasão por terra. Uma invasão que conta, como sempre, com a cumplicidade dos Estados Unidos e de muitos países da Europa. E com a “neutralidade” das Nações Unidas.

O governo de Israel fala de legítima defensa frente aos foguetes lançados pelos “terroristas” palestinos. Mas não foram os palestinos que invadiram as terras de Israel. Foi Israel que invadiu as terras palestinas. E não é terrorista quem se defende, mas quem ataca.

Israel converteu a Faixa de Gaza no maior campo de concentração ao ar livre que já existiu neste planeta. 360 quilômetros bloqueados por ar, mar e terra onde sobrevive um milhão e meio de seres humanos. Crianças desabrigadas pelas bombas, jovens sem futuro, mulheres que dão à luz nas prisões israelenses. E nos querem fazer acreditar que eles são as vítimas da violência palestina. O cúmulo do cinismo.

A única solução que há para esta guerra desigual é que Israel devolva todas as terras que vem roubando desde 1967. Enquanto não se consiga isto, o povo palestino continuará resistindo, lutando, dando a vida para recuperar seus territórios.

Talvez a única vingança palestina seja que Israel nunca poderá viver em paz. Por mais armas nucleares que tenha, por mais muros que levante e por mais “escudos antimísseis” que instale, sua população nunca poderá dormir tranquila. Porque aqui se cumpre o velho ditado que diz: quem com ferro fere com ferro será ferido.

29 de novembro é o Dia Internacional de Solidade com o Povo Palestino. Nos adiantamos enviando-lhes este comentário ante a crueldade desatada nestes dias pelo governo sionista de Netanyahu.

Neste 29 de novembro a Autoridade Palestina pedirá uma votação nas Nações Unidas para ser admitida como membro observador. Talvez nesse dia milhares de cadáveres estejam sendo enterrados na Faixa de Gaza pela nova invasão israelense.

Como RADIALISTAS não podemos mais que expressar nossa solidariedade incondicional com o povo palestino e nosso repudio, igualmente incondicional, ao governo terrorista de Israel.

Equipe RADIALISTAS