UM CÓDIGO DE ÉTICA RADIAL (2)

Radioclip en texto sin audio grabado.

Pode-se anunciar qualquer produto em um meio de comunicação?

Dizíamos que todas as emisoras, privadas ou públicas, comerciais ou comunitárias, têm direito a passar publicidade e cobrar pelos anúncios. Todas podem e devem exercer a liberdade de comércio.

Agora bem, qualquer emissora que se respeite a si mesma, trabalhará com um código de ética publicitária.

Que significa isto?

Que nem todos os produtos podem anunciar-se porque alguns contradizem a linha editorial da rádio e os Direitos Humanos.

Por exemplo, o tabaco. Os cigarros constituem a verdadeira arma de destruição em massa que cada ano se cobra a vida de 4 milhões de pessoas no mundo.

Por exemplo, os agrotóxicos. O Gramoxone ou Paraquat é uma porcaria química que envenena a terra e prejudica gravemente a agricultura.

Por exemplo, casas de massagens que não são outra coisa que bordeis encobertos.

Ou os famosos bruxos, adivinhos e milagreiros, predicadores fundamentalistas, charlatões que, em nome da religião, lhe tira o pêlo (e o dinheiro) dos incautos.

É que me pagam muito bem por esses programas…

Pois mesmo que te paguem bem, si é coerente e decente, não os anunciarás porque estarias apagando com o cotovelo o que escreve com as mãos.

Cada emissora tem que analizar, segundo o contexto em que está localizada, quais produtos contradizem sua linha. Uma emissora que trabalha numa zona muito alcoolizada, não deverá anunciar licor. Outra que transmita numa localidade muito viciada pelos jogos de azar, tampouco deverá anunciá-los. E assim por diante.

Agora bem, a ética não se esgota em deixar de passar alguns anúncios. Suponhamos que tens uma boa publicidade de camisas. E chega à rádio uma denuncia contra essa empresa porque explora às operárias. Você colocaria a denuncia no ar?

Si comprovas a denuncia, claro que tens que colocá-la. Do contrário, estarias traindo teu compromisso com a cidadania. E si nos tiram o anúncio por ter denunciado? Peor para eles. Porque tua emissora ganhará credibilidade, ganhará audiência e, de longe, ganhará mais e melhores anunciantes. Não o duvides.

Em resumo, a publicidade deve estar subordinada à ética e à independência jornalítica. Não ao contrário.