FILEMÓN, O CAMALEÃO

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A história de Zenão, um astuto Camaleão sem princípios.

(Visite a fábula anterior)

EFEITO CANTO DE GALO, AMANHECER

NARRADOR Como todos os dias, os camaleões acordavam com os primeiros raios do sol. Tinham uma linda toca bem protegida no meio da mata.

CAMALEOA Vamos, rapazes, acordem, já para o trabalho… Quem não trabalha não come, como sempre dizia nosso avô… Ei, você, Zenão, acorda, que já está tarde…

ZENÃO (BOCEJA) Hummm… Estou com sono…

CAMALEOA Nenhum sono. Vamos, vamos, desenrosque-se e sai da toca…

NARRADOR Zenão sacudiu todo o corpo, até o rabo, e foi despedir-se de sua companheira camaleoa…

ZENÃO Bom, querida, se não tem mais remédio, vou para o batente…

CAMALEOA Trabalhar? Quando você já trabalhou na vida, língua comprida? Você não me engana, querido…

ZENÃO Psst… A natureza, que é sábia, deu para nós, os camaleões, a melhor ferramenta de trabalho, querida… É preciso saber aproveitá-la… (BEIJOO SONORO)

NARRADOR Zenão estampou em sua companheira um beijo pegajoso com sua língua elástica e saiu da toca, olhando sempre a ambos os lados, com seus olhos móveis…

CONTROLESICA DE CAMINHADA

ZENÃO Vejamos o panorama para hoje… Ontem estive no dos rouxinóis, anteontem nos beija-flores… hoje é a vez do ninho dos azulões…

NARRADOR Zenão, o camaleão astuto, conhecia onde todos os passarinhos da mata se aninhavam. Para tomar seu desjejum, hoje era vez dos azulões.

ZENÃO Subirei por esta árvore… tranquilamente, olhando para ambos os lados, tranquilamente, um passo para frente e outro para trás, tranquilamente… Aqui está o ninho… Agora, zás, mudo de cor… E pronto… sou mais azul que os azulões.

NARRADOR Com muito sigilo, Zenão meteu-se no ninho dos azulões. E quando chegou a mamãe para repartir a comida, lá estava ele, com a boca bem aberta…

EFEITO PIADO DE PASSARINHOS

PASSARINHA Comam meus filhos, comam… Caramba, este filho tão grande e escamoso não tinha visto antes… de que ovo terá saído?… Enfim, mãe é mãe… comam meus filhos, comam…

NARRADOR Zenão, com sua pele de cor azul, fez um banquete no ninho dos azulões. Depois, saiu tão dissimuladamente como havia entrado, desceu da árvore olhando para direita e para esquerda… e continuou seu caminho pelo verde bosque.

ZENÃO Barriga cheia, coração contente. Por isso, é que eu digo que não há animal mais feliz na natureza que eu porque posso fazer tudo sem que ninguém perceba…

RÃ (3 P) Socorro, socorro!

NARRADOR Zenão estava em suas reflexões camaleônicas, quando viu que uma rã ferida se aproximava da trilha. Possivelmente uma serpente tentou devorá-la e ela conseguiu escapar.

RÃ Socorro para esta pobre rã!… não há ninguém por aqui que possa me ajudar?

NARRADOR Então, o camaleão ficou verde. Verde esmeralda como a grama que o rodeava. Tão verde e tão esmeralda que ninguém, nem a rã nem ninguém, poderia adivinhar sua presença.

ZENÃO (PENSANDO) Tenho dó desta rãzinha, mas esse não é meu problema. Tenho pressa. Senão, não chego a tempo ao formigueiro…

NARRADOR A rãzinha continuou triste e dolorida pelo caminho. E Zenão, com sua pele verde esmeralda e seu andar sigiloso, continuou de cuca fresca seu caminho…

CONTROLESICA DE CAMINHADA

NARRADOR Caminhando, caminhando, um passinho para frente e outro para trás, o astuto camaleão chegou ao formigueiro das formigas vermelhas. Era inverno e as formigas, como boas previsoras, haviam acumulado grãos, insetos, folhas, um armazém repleto de alimentos.

ZENÃO Como são trabalhadoras!… Sinto tanta admiração por elas que vou entrar para cumprimentá-las. Mas antes…

NARRADOR E o camaleão, em um instante, mudou a cor de sua pele e se vestiu de vermelho. Um vermelho tijolo igualzinho, igualzinho, ao das formigas vermelhas.

ZENÃO Bom dia, minhas irmãs formigas.

RIAS Bom dia, irmã… de onde você vem?

ZENÃO Do formigueiro ao lado.

FORMIGA Pois chegou em uma boa hora porque vamos repartir a comida que armazenamos para este inverno…

ZENÃO Que ótimo… melhor chegar a tempo que ser convidado…

FORMIGA Desculpe a pergunta, irmã formiga… mas acho você tão estranha, demasiado grande…

ZENÃO É que sou a rainha das formigas do formigueiro vizinho… Tenham compaixão de nós, houve um desabamento e perdemos tudo… Por isso, vim eu mesma, em pessoa, esperando sua solidariedade…

FORMIGA Não precisa dizer mais nada, irmã. Diga o que precisa e nós mesmas te ajudaremos a levar a carga…

ZENÃO Pois carreguem a metade de suas provisões e sigam-me.

NARRADOR Zenão, com sua pele vermelho tijolo, saiu do formigueiro. Atrás dele, uma fileira interminável de formigas, carregando provisões, dirigiram-se para a toca dos camaleões.

ZENÃO Não precisa levar lá dentro, irmãs formigas. Deixem tudo na entrada do buraco. E muito obrigada por sua solidariedade!

NARRADOR Quando as formigas já tinham tomado o caminho de volta, Zenão, o astuto camaleão, entrou na toca…

ZENÃO Venham aqui fora, venham todos, você também, querida, olhem isso… Temos provisões para vários meses.

CAMALEOA E como conseguiu tanta comida, conte-nos?

ZENÃO Foi um trabalho duro, creiam-me. Passei o dia organizando, distribuindo, ajuntando, guardando, contando, carregando, uff… Mas valeu a pena. Já podem ver os resultados. O que dizem, irmãos camaleões?

EFEITO APLAUSOS

NARRADOR A camaleonada estava assombrada do bom trabalho de Zenão. O aplaudiram, o felicitaram. Somente sua companheira, a camaleoa, que o conhecia muito bem, lhe perguntou:

CAMALEOA Diga a verdade, como conseguiu tanta comida?

ZENÃO Bom… As formigas me “presentearam” tudo o que vês…

CAMALEOA Mas, Zenão, você é um sem vergonha, um animal sem princípios.

ZENÃO Querida, eu não acredito nos princípios, mas nos fins. Deixe teus escrúpulos e vamos celebrar. E para celebrar nos poremos o traje de festa, azul, verde e vermelho.

NARRADOR E adivinhe se é sabido, com quem este camaleão é parecido?

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