OS CEGOS E O ELEFANTE
Quem não conhece a parábola budista do elefante e os cinco cegos? A copiamos a continuação para recordála. E depois, escuta a simpática e criativa adaptação do grupo venezuelano Cuenta Peregrino.
Se encontrava o Buda no bosque de Jeta, quando chegaram numerosos filósofos de diferentes escolas e tendências. Alguns diziam:
—O mundo é eterno. Isso é o certo e tudo mais é um engano.
Outros asseguravam:
—O mundo não é eterno e esta é a única verdade.
Uns diziam que o mundo é infinito e outros que não. Estes, que o corpo e a alma são o mesmo. E aqueles, que são duas realidades diferentes. Alguns, que a alma tem existência depois da morte e outros que carece de tal. E assim, cada um sustentava seus pontos de vista, na convicção de que os seus eram os verdadeiros e os demais eram falsos.
Assim passavam seu tempo em ferrenhas polêmicas e inclusive chegavam à indignação e o insulto. Tudos foi ouvido e visto por um grupo de monjes que relataram a Buda l acontecido. Este comentou:
—Monjes, esses filósofos são cegos que não vêem. Agora os contarei um sucesso dos tempos antigos. Havia um rajá que mandou reunir a todos os cegos que havia em Savathi e pediu que lhes pusessem um elefante. Assim se fez. Se lhes pediu aos cegos que tocassem no elefante. Um tocou l trompa, outro o colmilo, outro a pata, outro a cabeça e assim sucessivamente. Depois, o rajá perguntou aos cegos:
—Que lhes pareceu o elefante que tocou?
—Um elefante se parece a um cachorro -contestaram os que haviam tocado a cabeça.
—É como um cesto de aventar -asseguraram os que haviam palpado a orelha.
—É uma grade de arado -sentenciaram os que haviam tocado o colmilo.
É um granero -insistiram os que tocaram o corpo.
E assim, cada um, empenhado em sua crença, discutia e brigava com os demais.