105- VIVA O FILHO DE DAVI!

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No dia nove do mês de Nisan, Jerusalém, em vésperas de festa, estava abarrotada com mais de cem mil peregrinos vindos de todas as cidades da Judéia, da Galiléia, da Decápole, das colônias judaicas dispersas pelo longo e largo império romano. Como todos os anos ao despontar a primavera, os filhos de Israel acudiam em massa para celebrar a Páscoa dentro das muralhas da cidade de Davi…

Naquela manhã, enquanto nos espreguiçávamos na taberna de nosso amigo Lázaro, chegaram Judas, de Kariot, e Simão, o sardento… Vinham de Jerusalém e traziam pressa nos olhos…

Judas: Olá, companheiros, que a paz esteja com todos vocês!

Todos: Saudações, Judas!… Paz, Simão!

Judas: Carácoles, mas o que vocês fazem aqui nessa moleza toda? O que estão esperando? A cidade está arrebentando de peregrinos!

Simão: Agora é o momento, Jesus! As pessoas perguntam por você. Todos estão esperando.

Judas: O povo está com você, moreno. É agora ou nunca! O que você diz?

Jesus: Eu digo a mesma coisa que já disse quando saímos de Cafarnaum. Hoje começa a semana de preparação para a Páscoa. Hoje começaremos a despertar Jerusalém de sua dormência para anunciar-lhe que Deus vem cumprir o Ano da Graça!

Todos: Isso mesmo, isso mesmo! Todos iguais, tudo para todos! Como no começo!

Judas: Os grupos da capital estão avisados, Jesus. Ontem Simão e eu estivemos conversando com alguns dirigentes, Barrabás e outros do movimento. Estão nos apoiando. Têm confiança em você.

Jesus: Sim, Judas. Mas confiam mais em seus punhais. E para aquilo que vamos fazer hoje não faz falta outra lâmina que a da Palavra de Deus. Escutem, companheiros, nosso plano deve ser o mesmo que Deus ordenou a Moisés: chegar diante do faraó e dizer-lhe que já não suportamos o jugo de nenhum tirano.

Todos: É assim que se fala, moreno!

Jesus: Nossos avós pediam que os deixassem sair do Egito para irem à terra prometida. Nós vamos pedir que eles se mandem e nos deixem viver em paz na terra que o Deus de Israel nos deu de presente. O faraó era antes aquele egípcio de coração duro. Agora os faraós são pessoas que levam o nosso próprio sangue, mas que traíram o povo.

Pedro: Sim, senhor! E esses são os que se fazem chamar de representantes de Deus. Olhem esse Caifás, o sumo sacerdote, vendido como uma prostituta ao governador romano! E seu sogro, o velho Anás, o maior ladrão de toda Jerusalém!

Felipe: E o gordo Herodes, o rei mais corrupto que já pôs o traseiro no trono da Galiléia!

Jesus: Pois nós iremos bater às portas de seus palácios e também nos portões de bronze da Torre Antônia, onde se esconde esse romano sanguinário que se chama Pôncio Pilatos, e lançaremos na cara de todos eles os seus crimes, um por um, tais como Deus os têm anotados em seu livro. Porque Deus viu o sofrimento de seu povo e escutou o clamor que o chicote do capataz arranca de nós. E ele vem para nos libertar daqueles que nos oprimem. Nós lhes diremos: Deus nos envia diante de vocês com o mesmo nome de sua aliança com Moisés. E esse nome é: “Eu Sou. Agora saberão quem Sou!”. A vocês, que nunca se importaram conosco, os pobres da terra, viemos dizer nosso nome: “Aqui estamos Nós. Agora saberão quem Somos!”.

Todos: Muito bem! Muito bem!

Jesus: Companheiros, este é o plano, o que vocês acham?

Susana: Eu digo que é a coisa mais descabelada que já ouvi em toda a minha vida. Mas, moreno, que pulgas danadas picaram você? Em que cabeça pode caber essa idéia de chegar na frente desses figurões e cantar-lhes a verdade assim à boca dura?

Maria: Jesus, filho, por favor, não seja louco! Você acha que os chefes desse país vão dar importância a você, um camponês de sandálias gastas, heim, diga-me?

Simão: Por isso não, dona Maria, o faraó também fez pouco caso de Moisés na primeira vez. Moisés foi um dia, outro e outro mais e quem se cansou primeiro foi o faraó e não Moisés.

Jesus: E é isso o que nós vamos fazer: nós nos faremos mais teimosos que a burrinha de Balaão. Iremos de palácio em palácio, de faraó em faraó uma e outra e outra vez, até que as pedras se rompam. Estão de acordo?

Natanael: Não, eu não estou de acordo. Sinto muito, mas não estou de acordo…

Felipe: Lá vem o Nata com os seus medos…

Natanael: Não é medo, Felipe. É que este plano é um desvario. Não haverá nem segunda nem terceira vez. Vão nos esmagar como baratas logo de saída.

Jesus: Se formos sozinhos, sim, Natanael. Mas iremos com todos os moradores de Betânia, com os de Betfagé…

Judas: O pessoal da capital se unirá a nós, estou certo disso. E quando virem o reboliço, irão ao Cedron nos esperar!

Simão: Quando você levantar o braço, Jesus, mil braços se levantarão com você!

Felipe: Formaremos um exército, Nata, um imenso exército!

Natanael: Sim, Felipe, um exército de pulguentos! Um batalhão de mortos de fome!

Jesus: O mesmo exército e o mesmo batalhão que Moisés tinha quando cruzou o mar Vermelho. O mesmo que tinha Débora quando reuniu os Israelitas ao pé do Tabor. O mesmo que tiveram os irmãos Macabeus.

Simão: Mas os Macabeus iam com armas, Jesus. E nós não temos sequer duas espadas velhas.

Pedro: E o que tinha Davi quando foi ao encontro do gigante Golias, heim?

Simão: Pelo menos ele tinha pedras, caramba! E nós, nem isso!

Jesus: A pedra que nós vamos pôr na funda, a pedrada que nós vamos acertar neles, é nossa palavra. E todos unidos, ombro a ombro, levantaremos uma muralha mais compacta que as de Jerusalém. Formaremos um corpo imenso, o corpo do Messias, maior que Golias, tão grande e tão forte quanto a esperança dos pobres de Israel!

Felipe: Eu estou com Jesus! Vamos lá, companheiros, ele já disse tudo. Quem tiver medo, que fique! Mas esse cabeção aqui vai se postar na primeira fileira, junto da bandeira!

Natanael: Que bandeira porcaria nenhuma, Felipe! Nem sequer temos uma!

Felipe: Pois então levaremos o lenço de Judas, que era de um neto dos Macabeus! E cortamos uma folha de palmeira e o amarramos na ponta, e pronto!

Pedro: Jesus, moreno, por onde vamos começar?

Jesus: Pelo osso mais duro de roer. Pelo Templo. A família do sacerdote Anás o emporcalhou com seus negócios e suas trapaças.Vamos lá! E por aí que começaremos a limpar o país!

Maria: Filho, pelo amor de Deus, quem lhe esquentou a cabeça desse jeito? Quem lhe meteu esta febre no corpo?

Jesus: Deus, mamãe! Isso é coisa de Deus. Iremos ao Templo em nome do Deus de Israel!

Judas: Quando saímos, Jesus?

Jesus: Agora mesmo, Judas. Para que esperar mais? O que tem que ser feito, que seja feito logo! Eia, companheiros, vamos, vamos todos! Lázaro, feche a taberna. Mamãe, Susana, Maria… venham vocês também, mulheres e homens, todos fazem falta. Até as crianças gritarão conosco e romperão as pedras com seus gritos!

Estávamos inflamados. Apesar do medo e do risco, saímos da taberna. Éramos uma dúzia de homens, seis mulheres e Jesus. Em dois tempos chegamos à pequena praça de Betânia onde ficava o poço de água. Jesus subiu na mureta e dali chamou os moradores…

Jesus: Amigos de Betânia! Venham todos e escutem nossas palavras!… Anunciamos uma boa notícia a todo o povo! Chegou o Reino de Deus e a justiça de seu Messias! Deus vem reunir os que estavam dispersos! E nos abre um caminho, e vai adiante de nós!… Deus está na cabeça e nos dará de presente a vitória!

Simão: É assim que se fala! Viva o Messias!

Todos: Viva!!

Suzana: Viva o Filho de Davi!

Todos: Viva!!

Jesus: Amigos de Betânia, Deus está conosco! Os que têm fé, sigam-nos! Os pobres, os que choram, os que passam fome, os humildes da terra, venham conosco!

Todos: Liberdade, liberdade, liberdade, liberdade…!!

A aldeia de Betânia se pôs em movimento. As pessoas aplaudiam e gritavam e, em poucos minutos todos os moradores se apinharam em volta de nós e começaram a caminhar pelo atalho das tamareiras rumo a Betfagé…

Pedro: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Todos: Bendito!! Hosana!!

Os peregrinos galileus que estavam acampados nas pousadas do caminho, quando ouviram aquele alvoroço, deixaram as jarras de vinho e os dados e se uniram ao grupo. As mulheres assomavam às janelas e nos saudavam com seus lenços e com as vassouras para o alto. Vários rapazes cortaram galhos de louro e folhas de palmeira e os agitavam no ar como se fossem espadas… A gritaria era ensurdecedora…

Felipe: Ei, Jesus, aqui ninguém ouve nada! Fale mais alto!

Jesus: O que você quer que eu faça, Felipe? Teria que subir numa destas tamareiras para poder falar a tanta gente!

Felipe: Em uma tamareira não, mas em um cavalo, sim! Ei, conterrâneo, ninguém tem um cavalo por aqui?

Susana: Quem tem cavalos são os soldados e os centuriões!

Felipe: Pois então, ao menos um jumento, caramba! O Messias dos pobres irá montado num jumento!

Pedro: Você, rapaz, corra até a aldeia e desamarre o primeiro jumento que encontrar e traga-o aqui! Vai, ande, Jesus precisa dele!

Cada vez mais gente nos seguia. Nós, os doze, íamos com Jesus, abrindo a marcha. Maria, sua mãe e as outras mulheres já haviam esquecido o medo do primeiro momento e agora gritavam a plenos pulmões, misturadas com as moradoras de Betânia e as das pousadas… Um camponês emprestou seu jumento a Jesus e ele montou nele para melhor falar às pessoas…

Jesus: Amigos, chegou o grande dia do Senhor! Queremos justiça hoje, não amanhã! Queremos liberdade hoje, não amanhã!

Todos: Hosana hei, hosana há, justiça hoje, justiça já! Hosana hei, hosana há, justiça hoje, justiça já!

Quando chegamos a Betfagé, todo o povo estava na rua. Alguns, num entusiasmo exagerado, estendiam seus mantos sobre as pedras do caminho por onde Jesus ia passar. Outros levantavam ramos de oliveira, saudando o Messias…

Judas: Viva o profeta da Galileia, hosana!

Todos: Hosana hei, hosana há, justiça hoje, justiça já!

Íamos subindo a ladeira do monte das Oliveiras. Era cerca do meio-dia e o sol caía em cheio sobre nossas cabeças, torrando nossos miolos. Foi quando, logo à frente, apareceu estendida a nossos pés, como uma imensa colméia, apinhada de casas, a cidade de Jerusalém, cercada por suas quatro muralhas que brilhavam como ouro. E, no meio dela, sobre a colina baixa do Mória, o Templo com suas escadarias repletas de vendedores e comerciantes…

Pedro: Que viva Jerusalém e que sumam dela todos os sem-vergonhas!

Jesus se deteve e, sem desmontar do jumento, ficou olhando a cidade. Lembro-me que, naquele momento, seus olhos se encheram de lágrimas…

Jesus: Jerusalém, cidade da paz, se pelo menos hoje compreendesses como se consegue a paz, a verdadeira! Pai, ajuda-nos! Vamos falar em teu nome! Abra os ouvidos dos surdos que não querem ouvir o grito de justiça dos pobres de Israel! Leva-nos nas asas da águia como levaste teu povo em outros tempos, quando o libertaste da escravidão do Egito!

Pedro: Olhe, moreno, as pessoas estão saindo da cidade e vindo juntar-se a nós! A vitória é nossa! Ninguém poderá nos deter!

Judas: Levante um ramo, Jesus, para que todos o vejam. O povo está esperando esse sinal!

Então Jesus pegou um galho de oliveira, segurou-o com as duas mãos e o levantou como a um estandarte no meio de todos…

Jesus: Irmãos, Jerusalém nos espera! Deus está conosco! Adiante, em nome de Deus!

Como uma rocha que se desprende e arrasta tudo, assim nos lançamos pela encosta das Oliveiras, levantando intensa poeira e agitando os ramos… Atravessamos a torrente do Cedron e nos enfileiramos pela Porta Dourada, que dá na esplanada do Templo… Os soldados romanos, postados sobre a muralha, olhavam-nos com desprezo… Um dos centuriões, quando viu aquele tumulto, deu ordens para fechar a porta, e os guardas já estavam manobrando os ferrolhos… Mas nós que íamos à frente, avançamos precipitadamente e nos lançamos como um só homem contra os batentes de madeira da porta já meio fechada… A gritaria da multidão inflamada se derramou sobre o duplo arco da Porta Dourada e, arrastados pela avalanche, entramos na grande esplanada do Templo de Jerusalém…

*Comentários*

Para as festas da Páscoa, na primavera, congregavam-se em Jerusalém milhares de peregrinos, triplicando a população da capital. Calcula-se que entre israelitas vindos do resto do país e judeus das colônias do estrangeiro, reuniam-se em Jerusalém uns 125.000 peregrinos. Como a cidade não podia absorver tal quantidade de pessoas, elas se hospedavam – conforme os lugares de origem – nas aldeias vizinhas, que nos dias de Páscoa formavam o que se chamava a “Grande Jerusalém”. Betânia e Betfagé, aldeias situadas ao leste da capital, acolhiam milhares desses peregrinos. O ambiente de Jerusalém nestes dias de festa era de expressiva alegria. Durante todo o ano, esses milhares de peregrinos economizavam para os gastos extraordinários daqueles dias. Comia-se melhor, bebia-se muito, compravam-se presentes. Para o povo, eram dias de respiro e de expansão em meio a uma vida de contínuas privações.

A par deste ambiente festivo, os dias de Páscoa coloriam de vermelho vivo as expectativas políticas do povo, suas ânsias de libertação e sua esperança messiânica. A Páscoa comemorava anualmente a libertação do povo de Israel. Escravos no Egito durante séculos, os israelitas, conduzidos por Moisés e pelo poderoso braço de Deus, haviam conseguido uma terra própria: isso é que era celebrado naqueles dias. A dominação imperial romana, que Israel suportava há mais de vinte e cinco anos, exaltava os sentimentos nacionalistas do povo. A Páscoa era uma ocasião para mobilizações populares de todo tipo. Jesus estava muito consciente da ocasião que se lhe apresentava nas festas para realizar um importante gesto profético no próprio coração de Jerusalém, o Templo. E quis aproveitá-la. Ele, com todos os seus compatriotas, participavam daquele ambiente de festa e de exaltação que caracterizava as festas da Páscoa.

Neste episódio, para mostrar aos seus amigos qual é seu plano, Jesus se inspira nas palavras e gestos de Moisés, o Libertador de Israel. Assim como Moisés foi enviado pelo próprio Deus ao palácio do faraó para exigir que ele deixasse o povo em liberdade (Ex 3, 16-20), Jesus quer repetir este mesmo gesto profético diante dos palácios dos “faraós” de seu tempo. E assim como Deus disse a Moisés qual era seu nome para que o levasse como bandeira diante do opressor, Jesus planeja apresentar-se também diante deles com esse nome. Yahweh – o nome de Deus na Bíblia – que significa literalmente: “Ele é”. (Yahweh é a forma em terceira pessoa do nome que, na primeira pessoa, se traduz por “Eu sou o que sou”). Este nome, algo misterioso para nós, pode ser lido também de várias formas: “Eu sou aquele que faz ser” (o Deus criador), “Eu sou aquele que verão que sou” (o Deus libertador, que age na história fazendo coisas novas). Neste episódio, Jesus toma esta última significação do nome de Deus.

Os fatos ocorridos no domingo de Ramos foram uma autêntica manifestação popular, massiva e inflamada, na qual se misturavam os mais profundos sentimentos da fé do povo no Deus libertador e em seu Messias, com sentimentos nacionalistas e políticos dos mais diversos matizes. Os zelotas – tal como aparecem no episódio Judas e Simão – veriam naquele dia na atuação de Jesus uma ocasião para conseguir um imediato levante popular. Os discípulos esperariam o triunfo definitivo dos ideais de justiça do Reino de Deus. O povo esperava a liberdade, embora não soubesse bem por que caminho ela iria chegar. É o que acontece em qualquer atividade de massa. As expectativas são diferentes, embora todas se nutram de sentimentos comuns. Não se trata, pois, no domingo de Ramos, de uma procissão religiosa ordeira, com palmas que se agitam pacificamente ao ritmo de cânticos religiosos. Aquilo foi um verdadeiro tumulto.

Para entrar na capital naquele domingo, Jesus veio pelo caminho de Betânia. Ao chegar à altura do monte das Oliveiras, já se contemplam as muralhas orientais de Jerusalém. É uma vista inesquecível, impressionante, até nos dias de hoje. Na ribanceira, a torrente do Cedron. Em frente, a Porta Dourada que dava acesso ao soberbo edifício do Templo. Esta porta, uma das mais formosas que se abriam nas muralhas, está hoje fechada. As velhas tradições judaicas dizem que tornará a abrir-se solenemente quando o Messias chegar e entrar em Jerusalém por ela. (Atualmente, parte do povo judeu continua ainda esperando a chegada do Messias). No alto do monte das Oliveiras, em frente a essa maravilhosa panorâmica de Jerusalém, construiu-se, faz alguns anos, uma pequena capela que se chama “Dominus flevit” (o Senhor chorou), em recordação das lágrimas derramadas por Jesus no domingo de Ramos ao contemplar dali a capital de sua pátria.

A palavra “Hosana” com a qual Jesus foi aclamado neste dia significa literalmente “Salva-nos, por favor!”. Com ela se pedia a Deus ajuda para a vitória (Salmo 118, 25). Pouco a pouco, o povo a foi usando como sinal de aclamação, tanto a Deus, quanto ao Rei. No domingo de Ramos o emprego do Hosana foi uma confissão popular e massiva de que Jesus era o Messias esperado. Pelo fato de a idéia do Messias estar profundamente vinculada, tanto ao religioso, como à aspiração patriótica e política de libertação, precisamos entender os vetores daquele dia em seu sentido global. Com o domingo de Ramos se inicia tradicionalmente a paixão de Jesus. É preciso ter cuidado ao fazer desta vibrante entrada de Jesus em Jerusalém o primeiro capítulo de seu inexorável caminho para a morte. Quando Jesus se decidiu a entrar no Templo e a purificá-lo, a fazer esse gesto no próprio coração do sistema religioso-político de seu tempo, devia saber claramente que estava arriscando a vida. De fato se aqui se inicia a paixão é precisamente porque o que aconteceu no Templo representava um desafio tal às autoridades, que foi a gota d’água para sua condenação à morte de forma oficial e definitiva.

(Mateus 21, 1-11; 23, 37-39; Marcos 11, 1-11; Lucas 13, 34-35; 19, 29-38; João 12, 12-18)