É O PATRIARCADO

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O fator econômico é muito importante

REPÓRTER Em Honduras, 70 de cada 100 habitantes são pobres, a maioria mulheres. À pobreza se juntam o maltrato e até o crime. Entrevistamos à licenciada Leda Flores, hondurenha, que a muitos anos trabalha com vítimas da violência doméstica neste país centro americano.

CONTROLSICA HONDURENHA

REPÓRTER Que acontece com a mulher em Honduras?

LEYDA Honduras tem sérios problemas o qual chamamos violência doméstica. Cada dia tem estatísticas que te deixam de cabelo arrepiado. Mas eu vou te falar de coisas mais concretas que estatísticas. Em Honduras, trabalho com uma organização que se chama Associação Qualidade de Vida. Temos um refúgio para mulheres vítimas da violência. O abrigo tem capacidade para 15 mulheres com uma média de três filhos cada uma. Quanto ao tipo de violência, te direi que tive desde mulheres que foram feridas com um facão em todo seu corpo, até mulheres que foram golpeadas a porradas e, obviamente, chegam em condições que já deveriam ter sido levadas para o hospital, a muito tempo.

REPÓRTER Quanto tempo estão as mulheres aí?

LEYDA Varia, porque nós, imediatamente que a mulher chega ao abrigo, nos enfocamos em que podemos fazer uma denúncia. Trabalhamos para fazer uma denúncia, o acompanhamento, a terapia para recuperar sua auto-estima. Mas isto leva em torno de um mês e meio, mais ou menos. Não se corta o vínculo. Saem e continuamos uma relação, porque o tema da mulher maltratada é também econômico.

REPÓRTER Por que as que saíram de sua casa fazem sua terapia, regressam a sua casa e aceitam novamente o maltratador?

LEYDA O fator econômico é muito importante. A maioria das mulheres não alcançou um nível educativo. As opções de um emprego são quase nulas.Dedicaram seus tempos aos trabalhos domésticos, foram mantidas por esse companheiro. Custa muitíssimo romper. Elas perguntam agora que faço, como mantenho estes cinco filhos, aonde vou, quem vai me ajudar. A uma mulher maltratada tem que dar-lhe coisas concretas, como vai sobreviver depois que rompe essa relação . Nos enfocamos no psicológico, no legal, mas o econômico fica no ar e é importantíssimo para nossas mulheres.

REPÓRTER Que acontece com as mulheres de classes mais acomodadas?

LEYDA También he atendido casos de ejecutivas que sufren violencia y que no salen de la violencia, y no es el tema econômico. Para elas, o tema é o poder, o machismo, a religião . Nas de alto nível educativo, com rendimentos, que mantêm sua casa, o tema é o que dirão meus amigos, que a religião diz que há que ser esposa para sempre, que o padre diz que não devo destruir o lar. Uma série de ataduras de nossa dupla moral, ataduras morais.

REPÓRTER Por isso, dizem que as mulheres gostam que lhes surram, dizem que são masoquistas.

LEYDA A nenhuma mulher gosta que lhe peguem. Há que ver as estruturas de poder, há que ver o ciclo da violência. Há uma lua de mel, uma parte de hostigamento, todo um círculo, chora, pede perdão, manda flores, te presenteia e a mulher acredita que vai mudar, acredita nesta mudança.

REPÓRTER Existem leis de proteção às mulheres em Honduras?

LEYDA Em Honduras temos uma lei. O problema que temos é que não te decreta nunca a prisão a menos que te hajam violentado três vezes, com proas e tudo.

REPÓRTER Qual você acha ser a base para esta violência ?

LEYDA O tema tem a ver com o patriarcado, o poder. Há que mover estruturas, não?      

CONTROLSICA HONDURENHA

LOCUTORA Há um ano, que as hondurenhas estão exigindo aos deputados reformas da lei contra a violência às mulheres. Enquanto isto, os abrigos continuam cheios e os assassinatos de mulheres enchem as páginas policiais.

BIBLIOGRAFÍA
Mirta Kennedy
http://www.cawn.org/newsletter/sp_update/kennedy.htm