QUANDO A JUSTIÇA NÃO FAZ JUSTIÇA ( 2 )

Radioclip en texto sin audio grabado.

Não queremos suplantar as instituções do Estado. Mas, que fazer quando estas não funcionam?

Que busca as pessoas em uma emissora? Informar-se, educar-se? Sim, desde logo. Mas antes, a mairia das pessoas liga o rádio para duas coisas fundamentais: desconetar-se dos problemas e resolver os problemas.

Como desconectamos? Com a música. Escutamos uma canção de moda, nos emocionamos com os ritmos preferidos, nos sentimos acompanhados com a voz da locutora ou do animador. Ao menos, por um instante, esquecemos as enroladas da vida pendentes.

Também ligamos o rádio para resolver os problemas. Tradicionalmente, as rádios latinoamericanas se caracterizaram por sua utilidade. Os “serviços sociais” eram os programas de máxima sintonia, especialmente nas zonas camponesas. Ali a rádio fazia as vezes de correio, telégrafo e telefone. Que a mula se perdeu. Que Josefina já pariu um varãozinho. Que levem os sacos de café à outra chácara. Que as rezas pelo vovôzinhoo serão amanhã ao meiodia. Este “noticiário familiar” se tornava imprescindível em situações de emergência ou desastres naturais.

Agora há mais telefones e os serviços sociais vão passando a um segundo plano. Sem dúvida, a complexidade da vida moderna faz com que a maior parte das pessoas, empregue o dia resolvendo, ou tratando de resolver, uma infinidade de dificultades. Não me pagam na empresa, subiu a gasolina, me cobraram uma línha erótica que nunca utilizei, cortaram a água sem avisar, à moça foi suspendida por esse professor pervertido, tornaram roubar onde o vizinho…aqui entra em jogo este quinto jornalismo que chamamos “de intermediação”.

E por que a rádio teria que meter-se nessas enroladas individuais ou comunitários? Acaso o Estado não tem instituições para elas, acaso vamos substituir à polícia ou ao poder judiciário?

Não queremos substituir ninguém nem muito menos debilitar as instituições públicas. Muito pelo contrário, buscamos fortalecê-las. Mas…e se não funcionam estas instituições?

Aonde apelará um cidadão se no hospital não lhe prestam a devida atenção? Onde protestará se os servidores públicos estão amarrados com os senvergonhas privados? Em que espaço denunciará se a justiça não lhe faz justiça? Os meios de comunicação de massa se converteram hoje em espaços privilegiados de negociação e resolução de confli0tos. A rádio, especialmente, tem uma decisiva missão que cumprir: intermediar entre a cidadania que reclama e s servidores públicos que devem responder e solucionar ditas reclamaões.

(CONTINUARÁ)