ANALIZAR O FATO (4)

Radioclip en texto sin audio grabado.

Analizar com dados e com argumentos consistente, basicamente, em responder àpergunta: por que acontece isto ?

Começamos o editorial contando um fato, narrando uma anédota, colocando um exemplo, relatando uma história. É a arvorinha. O caso concreto que permite captar a imaginação de quem escuta e compartilha emoções.

Agora vamos ampliar a panorâmica para ver o bosque: o caso da hondurenha Chepita, contagiada de AIDS pelo seu marido machista e mulherengo que se nega a usar camisinhas, não é único nem está isolado. Há milhares de mulheres na América Latina em situações idênticas.

Também vamos buscar as raízes da arvorinha. Que profundidade tem o fato contado, por que ocorreu assim? Analizar é escavar, revelar os labirintos secretos, desatar os nós, sinalar as causas e os efeitos, deslindar responsabilidades.

Amplitude e profundidade. Elementos quantitativos e qualitativos. Dados e argumentos, há aqui os dois componentes básicos de toda boa análise.

DADOS

Necessitamos números, dados exatas. De nada servem esses comentários que remitem generalidades e considerações piedosas: Quantas vezes se terá repetido a história de Chepita!… Aterriza: averigue quantas mulheres em teu país ou em tua cidade são portadoras de HIV. Aumentou a cifra? Em que setores sociais? Existe alguma política pública de prevenção? Existe informação sobre isto, educação sexual, acesso a preservativos? Busca os dados concretos.

Amplie a lente de tua análise: a Organização Mundial de Saúde diz que atualmente o grupo com maior rico de contrair HIV são as mulheres fieis e casadas com maridos promiscuos. Busca o dado na internet.

Tampouco há que afogar o ouvinte em um mar de estatísticas. Com um ou dois dados bem explicados, bem comparados, será suficiente para fundamentar nossa ideia.

ARGUMENTOS

Necessitamos argumentos, isto é, razões que acompanhem a reflexão do ouvinte e tornamsensata nossa opinião. Muitos editorialistas se economisam neste esforço. Passam diretamente da colocação do problema a sua possível solução. Tal cortocircuito tira toda seriedade do comentário, o torna demagógico.

Um bom analista tem que conhecer e levar muito em conta os argumentos contrários aos seus. Chepita estará pagando alguma culpa e por isso se contagiou? Algumas igrejas proíbem los camisinhas. Por que? Como se protege, então, uma esposa sabendo que seu marido é mulherengo? Por que ela não exigiu do marido que se colocasse uma camisinha? Ou se se o exigiu, mas o marido não lhe fez caso? 

Analizar com dados e com argumentos consistente, basicamente, em responder àpergunta: por que acontece isto ?

Já contamos, já analizamos. E agora? Como concluimos o editorial? No próximo radioclip o conheremos.



Manual Urgente para Radialistas Apaixonadas e Apaixonados
José Ignacio López Vigil

Podes baixá-lo completo e gratuito desde aqui.