AS ENROLADAS (9)
Vejamos se você se reconhece neste tipo de entrevistadoras e entrevistadores, cujas perguntas são como uma massa de espaguete.
Um erro muito freqüente entre os entrevistadores é a confusão. A desordem de idéias. A bagunça mental.
As causas são variadas: não ter preparado a entrevista, não conhecer nada do tema, estar pensando em outra coisa, crer-se superior ao entrevistado… Mas a conseqüência sempre é a mesma: as perguntas enroladas.
Para perguntas enroladas, respostas mais enroladas ainda. E a audiência fica sem entender de que se está falando.
Evite a vergonha de escutar aquilo de
“repita a pergunta, por favor”.
Se te dizem isso, não coloque a culpa na ignorância do entrevistado.
O ignorante… é você.
Também não servem as perguntas muito amplas que afobam o entrevistado:
Adão até nossos dias?
Evite essas generalidades que nem você mesmo saberia responder.
No lugar de uma pergunta muito ampla, é melhor fazer várias concretas e bem escalonadas. Comece com perguntas simples e, pouco a pouco, vá entrando na matéria. Guarde as perguntas mais difíceis para o final, quando já ganhou a confiança do entrevistado.
Outra manha destes entrevistadores e entrevistadoras enrolados é fazer várias perguntas ao mesmo tempo.
ENTREVISTADA Eh… Meu namorado se chama Manuel.
Não junte duas perguntas, nem três, em uma mesma intervenção.
O entrevistado se confundirá ou responderá somente a última delas.
O melhor remédio para estas trapalhadas é mudar os papéis e imaginar que o jornalista é o outro e você o entrevistado. Não faça aos demais as perguntas que não gostaria que te fizessem.
ALER, La Entrevista, Quito 1993.