DOMITILA

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Faleceu a dirigenta boliviana Domitila Barrios de Chungara.

Aos 74 anos de idade faleceu Domitila Barrios de Chungara, valente mulher das minas da Bolívia, dirigenta do combativo Comitê de Donas de Casa do Século XX, organização que soube fazer frente às ditaduras e governos autoritários durante as décadas de 1960, 1970 e 1980.

“Quero continuar vivendo”, dizia Domitila a um jornalista de Cochabamba, quando no final de 2010 foi hospitalizada para um tratamento de câncer no pulmão que a afligia desde 2008. Seu terceiro câncer. Sem seguro médico e sem aposentadoria, o prognóstico estava determinado por seus recursos e a solidariedade de alguns amigos, entre eles vários funcionários do governo do MAS.

Nasceu em 7 de maio de 1937, filha de um camponês que migrou às minas em busca de uma vida melhor. Casou-se com um trabalhador mineiro e teve 11 filhos, dos quais somente 7 sobreviveram. Desde 1963, Domitila participou ativamente no Comitê de Donas de Casa e saltou à fama internacional por conta do seu protagonizou durante a Tribuna do Ano Internacional da Mulher, organizada pelas Nações Unidas e realizada no México, em 1975, onde “suas intervenções produziram um profundo impacto entre os presentes. Isso se deveu, em grande parte, a que Domitila viveu o que outras falaram”, segundo narra Moema Viezzer no conhecido livro testemunhal “Se me permitem falar” (1977).

Lutadora infatigável, foi uma das cinco mulheres mineiras que iniciou a greve de fome que foi um dos fatores determinantes da queda do ditador Hugo Bánzer, depois de sete longos anos no poder.

A seguir, lhes oferecemos uma excelente reportagem sobre a vida de Domitila realizada há um tempo pelo Coletivo PRODH do Equador. Nela podemos ouvir a voz da dirigenta mineira.

Baixe daqui.

Eduardo Galeano escreveu sobre Domitila:

Lembro de uma assembleia operária, nas minas da Bolívia, já faz um tempinho, mais de trinta anos: uma mulher se alçou, entre todos os homens, e perguntou qual é nosso inimigo principal. Alçaram-se vozes que responderam “O imperialismo”, “A oligarquia”, “A burocracia”… E ela, Domitila Chungara, aclarou: "Não, companheiros. Nosso inimigo principal é o medo, e o levamos dentro de nós". Eu tive a sorte de ouvi-la. Nunca esquecerei.

Em RADIALISTAS também não esqueceremos o testemunho de luta desta mulher extraordinária.

Equipe RADIALISTAS