MACONHA LEGAL?

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A chamada “guerra contra as drogas” tem sido um completo fracasso.

O referendo da Califórnia de 2 de novembro volta a pôr em evidência o tema da legalização das drogas e, muito concretamente, da maconha. Embora tenha perdido por poucos pontos, fica claro que uma crescente onda de opinião pública apóia dita legalização. Entre outras razões, porque a chamada “guerra contra as drogas” é um completo fracasso.

ENTREVISTADORA A seguir, conversamos com os editorialistas da revista colombiana Semana. Esta revista acaba de publicar uma ampla análise sobre a possível legalização da maconha. Na Califórnia foi feito um referendo, que alcançou mais de 40 por cento de apoio, mas não conseguiu a metade mais um. O que vocês pensam disto?

SEMANA Bom, perdemos uma batalha… mas a guerra continua e vamos vencer a guerra, temos certeza.

ENTREVISTADORA Refere-se a guerra contra as drogas?

SEMANA Não, ao contrário. Refiro-me a guerra para que legalizem as drogas, especialmente a maconha. A chamada “guerra contra as drogas” tem sido um completo fracasso. Basta ver o que está acontecendo no México. Em quatro anos, 30 mil mortos nas mãos dos narcotraficantes.

ENTREVISTADORA Mas o reclamo de legalizar a droga… não é assunto de jovens, de hippies, dos próprios viciados?

SEMANA De forma alguma, senhorita. Intelectuais e políticos de muito peso, como Felipe González, César Gaviria, Fernando Henrique Cardoso, e muitos outros, estão a favor da despenalização.

ENTRE Mas, não seria uma terrível incoerência do governo norte-americano perseguir os produtores de maconha na Colômbia e no México e autorizar o consumo dentro dos Estados Unidos?

SEMANA Sem dúvida. Como o próprio presidente Santos manifestou, é muito difícil explicar para um camponês colombiano que pode ir para cadeia por plantar maconha, quando na Califórnia, o estado mais rico dos Estados Unidos, é possível produzir, vender e consumir livremente.

ENTREVISTADORA Então, é preciso uma despenalização em todos os países, a nível global?

SEMANA Certamente.

ENTREVISTADORA Agora, diga-me, o que argumentam os que defendem a legalização da maconha?

SEAMANA Para começar, o fracasso estrepitoso da “guerra contra as drogas” que começou com Richard Nixon há 40 anos. Os números são eloqüentes. Em 1980, a cocaína era consumida em 44 países. Agora, depois da famosa guerra contra as drogas, é consumida em 130 países. Ouça este dado. Nos Estados Unidos, há 30 anos as prisões por delitos relacionados com a droga não chegavam a 50.000. Hoje, por ano, prendem um milhão e 600 mil pessoas, das quais a metade resultam em condenações. Não há prisão para tanta gente.

ENTREVISTADORA E legalizando a maconha… diminuiria o consumo?

SEMANA Não, o que diminuiria drasticamente são as máfias, as redes de narcotraficantes que vivem e enriquecem graças à proibição. A legalização a nível mundial erradicaria a violência, infinidade de delitos, que estas máfias geram e que todos os nossos países padecem.

ENTREVISTADORA Você poderia me dar outro argumento a favor da legalização?

SEMANA Pois está mais do que provado que a cadeia faz mais dano a um jovem, a um consumidor de maconha, que o fumo propriamente dito. Além disso, por que não proíbem o tabaco e o álcool que são mais perigosos que a maconha?

ENTREVISTADORA Em alguns países, como Holanda, a venda de maconha é aberta.

SEMANA Precisamente, e o consumo não é maior nem menor que nos países vizinhos. Inclusive é mais baixo que na Inglaterra, França ou Espanha onde é proibida.

ENTREVISTADORA Entendo que também há razões econômicas que favorecem a legalização da maconha.

SEMANA Claro que sim. Estamos em uma grande crise econômica, a pior desde a Grande Depressão. Se a maconha fosse vendida livremente, os governos poderiam arrecadar uma boa quantidade de dinheiro. Só na Califórnia, se obteriam um bilhão e 400 milhões de dólares em impostos.

ENTREVISTADORA Ou seja…

SEMANA Ou seja, os gângsteres, os mafiosos, seriam colocados para escanteio para dar lugar aos empresários legítimos e aos cofres do Estado. E os 13 bilhões e meio que hoje é empregado inutilmente para reprimir o consumo, poderiam ser empregados em campanhas de educação e de saúde pública.

ENTREVISTADORA Muito obrigada.

BIBLIOGRAFÍA
http://www.semana.com/Controls/Home2009/noticias-nacion/maconha-legal/146636.aspx