MÁIS MORTAIS QUE A AIDS
A indiferença e o rechaço são mais mortais que a AIDS.
MICRO 1
EFEITO HOSPITAL
ANINHA Mamãe, tenho dores… (CHORA)
MAE Já minha filha, já…já vão te curar… Bom dia, enfermeira… Aqui lhe trago a minha Aninha, não aguenta a dor de dente.
ENFERMEIRA Outra vez aqui, senhora. Mas, para que a traz?… Você sabe que ela tem essa” enfermidade. Mais cedo ou m ais tarde , não lhe doerão os dentes… nem nada.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR Aninha tem 6 anos. É de San Juan de Lurigancho, uma comunidade popular ao sul de Lima. Desde que nasceu, vive com HIV.
CONTROL GOLPE MUSICAL
MAE Aninha, tome a sopa…
ANINHA Não quero, mamãe, não quero… essa enfermeira disse… (CHORA)
MAE Não se importe com o que disse essa enfermeira… Levas dias sem comer, sem ir à escola… Levanta-te, filhinha… por favor, toma teus remédios.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR No mundo, 40 milhões de pessoas vivem com HIV–AIDS. Mais de dois milhões são crianças.
ENFERMEIRA (ECO) Ela tem “essa” enfermidade…
LOCUTOR Mas são mais, muitíssimos mais, quem diariamente discrimina a Aninha.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR A indiferença e o rechaço são mais mortais que a AIDS.
MICRO 2
EFEITO HOSPITAL
MÉDICO Mas, por que não a trouxeram antes? Sua mãe está viva por milagre…. Tinha uma apendicitis aguda…
FILHA Doutor… primeiro a levamos ao hospital do seguro… Nos fizeram esperar seis horas e não a quiseram atender.
MÉDICO Mas, como é possível? Quase a matam.
FILHA É que… disseram que não podiam atender a uma mulher com AIDS.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR Martha vive em Lima, Peru, é viúva e mãe de três filhos.
LOCUTORA Na América Latina, dois milhões de homens e mulheres vivem com HIV–AIDS.
FILHA (ECO) … uma mulher com AIDS.
LOCUTOR Mas são mais, muitíssimos mais, quem diariamente discrimina a Martha.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR A indiferença e o rechaço são mais mortais que a AIDS.
MICRO 3
ENFERMEIRA Doutor, doutor…
DOUTOR Diga enfermeira
ENFERMEIRA (MEIA VOZ) Veja a esse paciente, que acaba de chegar?
DOUTOR Sim, sim… o que acontece?
ENFERMEIRA Não o podemos atender, doutor.
DOUTOR Ah… (RINDO)… Esse jovem gay?… Não há problema, Carmem, aqui não discriminamos a ninguém.
ENFERMEIRA (MEIA VOZ) Não doutor, não é por isso. É que ao preencher a ficha, me disseram… me disseram… que…
DOUTOR Fale de uma vez.
ENFERMEIRA Tem AIDS, doutor.
DOUTOR AIDS?…. Então, não… Diga-lhe que não há horário livre, invente algo.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR Juan tem 35 anos. Nasceu em Huancayo, nos andes peruanos. É homossexual e vive com AIDS
LOCUTORA As possibilidades de contrair o HIV–AIDS ao aplicar um tratamento médico são quase nulas.
DOUTOR AIDS?…. Então, não…
LOCUTOR Mas os prejuízos fazem que milhares de pessoas como Juan sejam discriminadas e se lhes neguem os serviços de saúde.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTOR A indiferença e o rechaço são mais mortais que a AIDS.