NINGUÉM FALOU COMO CHÁVEZ
7 chaves de comunicação do comandante Chávez.
Uma vida grande, gigante, à altura de Bolívar, de San Martín e Artigas, de Alfaro e Morazán, de Martí e Sandino, de Allende e o Che. Em Venezuela e na América Latina há um antes e um depois de Chávez.
Mas como somos radialistas, queremos fixar-nos em Chávez, o comunicador. Nenhum político falou na América Latina como falou este homem. Nenhum.
Chávez não tinha que ensaiar palavras simples. Ele era do povo e falava como o povo. Sua linguagem sempre foi popular, cotidiana, estivesse em um discurso de campanha ou na assembleia das Nações Unidas.
Com frequência, dizemos promover a diversidade cultural. Mas nossas palavras costumam ser insípidas, de nenhum país. As de Chávez não. Suas expressões sempre foram venezuelaníssimas. Falava em cores. Sabia desenhar com as palavras.
Os políticos, geralmente, não riem. Menos contam uma piada. Sentem que isso os “rebaixa”. Chávez não. Ele sabia que nunca se “rebaixa” o povo porque o povo sempre está acima. E que não há maior ascensão que para a terra.
Chávez ria de todos e também de si mesmo. Tuteava ao presidente que tinha ao lado. Não se dava importância e, por isso, tinha tanta importância o que dizia.
Revise a história política latino-americana. Alguém falou com tanto humor como este llaneiro?
Vá a uma conferência, ouça uma palestra. E não fica com nada. Abundam esses intelectuais de muito gre-gre para dizer Gregório. Oradores e pregadores que não falam para que os entendam, mas para demostrar que sabem muito. Já que não são profundos, se dão ao luxo de ser obscuros.
Chávez tinha uma capacidade infinita para explicar os assuntos mais difíceis de economia ou política da forma mais simples. Mestre sempre, pedagogo do lapisinho na mão, utilizava todo tipo de comparações para que até os marcianos o entendessem.
Sua linguagem foi clara, frontal, “politicamente incorreta”.
Chávez disse que a tribuna da ONU cheirava a enxofre e chamou de diabo… ao diabo de Bush. Não se calou quando o rei de Espanha o mandou calar. Mandou os ianques ao caralho. Maldisse o Estado terrorista de Israel. Ao Papa disse que não era nenhum embaixador de Cristo porque Cristo vive no povo e não precisa de embaixadores.
Chávez não se calou diante de ninguém. Não conheceu as meias tintas. Foi um desbocado. Oxalá que tivessem mais para cantar as verdades a tanto político sem vergonha que anda solto.
Chávez era um leitor empedernido. Ninguém sabe onde nem quando encontrava tempo para devorar livros e sublinhá-los com marcadores de cores diferentes.
Depois, sua prodigiosa memória lhe permitia citar o que lia, recordar fatos históricos em detalhe, datas, dados… Mas suas citações nunca eram pedantes, não mencionava autores para jogar na cara o muito que sabia, mas para explicar melhor suas ideias. Foi uma mente brilhante.
Tivemos a sorte de ouvir Chávez de perto em um Alô Presidente, no bairro Caricuao de Caracas. Foi uma experiência mágica. Chávez esteve falando duas horas. Ou foram três? Ou quatro? Impossível recordá-lo.
Porque Chávez contava anedotas, enganchava uma com outra sem perder o fio central do discurso, relatava, narrava. Em meio de um discurso começava a cantar ou a recitar um verso. Nunca aborreceu a quem lhe ouvia.
As palavras têm temperatura. Tem gente que fala frio, que não transmite emoções. E como não emociona, tampouco convence.
Todo o contrário de Chávez, que sempre falou com paixão. Foi sua eloquência transbordada a que precipitou a adesão de Kirchner e de Lula e de outros presidentes latino-americanos lá em Mar del Plata, em 2005, quando se enterrou para sempre a ALCA. Só Chávez poderia ter dado volta a aquele perverso projeto imperialista.
Não, nenhum político falou na América Latina como este homem. Nenhum governante se comunicou tanto com seu povo, nenhum despertou tanta simpatia, tantos amores e também tantos ódios, tantas emoções juntas. Glossando ao próprio Chávez, suas palavras foram uma tacada de beisebol pelo jardim central. Gênio da comunicação, este comandante bateu na bola como nenhum líder o fez até agora.