PAIXÃO NA FORMAÇÃO! (1)
Ideias para não perder a paixão na formação. Hoje falamos da Pedagogia Extrativa.
Quem foi cozinheiro antes de se tornar frade, sabe o que se passa na cozinha.
Este sábio provérbio castelhano descreve muito bem algo que todo mundo sabe: só se aprende fazendo. E no mundo da formação também é assim, ninguém nasce sabendo.
Por isso, para aprender a oferecer oficinas, é preciso dar oficinas. Muitas radialistas, muitos produtores, se enfrentam com a divertida tarefa de ter que ensinar a fazer rádio. Como se faz isso? Perguntam.
Com este radioclip começamos uma pequena série com algumas “pedagogias” que te servirão como formador e capacitadora, não só para ensinar a fazer rádio, mas para qualquer tipo de oficina.
Verá que algumas não são muito “ortodoxas”, já que não foram tiradas de nenhum livro, mas da experiência acumulada em cada oficina oferecida pela equipe de formação de RADIALISTAS.
▪ Pedagogia Extrativa
As pessoas que vão receber a capacitação não são caixas vazias. Cada uma e cada um é uma rica mina de conhecimento, de saberes e experiências.
Nosso trabalho como formadoras e formadores consiste em entrar nessa mina e extrair as riquezas que há nela. Talvez algumas vezes nós encontremos minerais em estado natural, sem lapidar, mas estão ali. Só temos que limpar o pó que os cobre e dar-lhes uma ligeira polida.
Será fácil então que, com o ruído do martelo extrator, o conhecimento desperte, a mente se torne ativa, se liberte. Conseguiremos que, os que estão sentados nas cadeiras, encontrem seu veio de sabedoria.
Para aplicar esta pedagogia temos que fomentar e desenvolver técnicas participativas e de construção coletiva do conhecimento no grupo.
De nada serve chegar com nossa ladainha a dar sermões. Essa é a pedagogia valeriana ou sonífera, oposta à que estamos propondo nestas linhas.
As dinâmicas empregadas devem possibilitar o intercambio de ideias e conceitos, conseguir que todos reflitam e opinem, que juntos cheguem às conclusões que queremos deixar como ensinamento.
Estes pedagogos extrativos, nunca devem roubar o show. Têm muito claro quem protagoniza a oficina. Seu trabalho é dinamizá-los, fazer-lhes perguntas, questioná-los, propiciar o debate e conseguir que todo mundo participe.
Às vezes, se pintam de vermelho e jogam o papel de Advogado do Diabo. Ficam do contra, se opõem, fazem com que a pessoa se interrogue de novo, rebusque dentro de si argumentos para rebater ao diabo. Numa palavra, que pense por si mesma.
Nunca alcançaremos nossa meta se chegamos com os “exemplos”. Em algumas oficinas chega o professor, tira cerimoniosamente um CD, faz todo mundo escutar e diz que “essa cunha ou esse informativo é uma mostra do que devemos fazer”.
Os macaquinhos imitadores estão nas feiras. O melhor exemplo, a melhor demonstração para alguém que participa em um espaço formativo, é a que pode construir por si mesmo.
Não coordenamos uma oficina para demonstrar o que nós sabemos fazer. Vamos para que cada participante se demonstre o muito que pode fazer por si mesmo e em grupo.
Depois que o intercambio se esgota, é quando entramos em ação. É o momento de fazer uma breve síntese, agrupando, recolhendo e ordenando os ensinamentos surgidos do grupo. Igualmente, é conveniente acrescentar algumas ideias que talvez ficaram de fora e achamos útil resenhar.
Mas só no final. O grupo sempre deve falar mais que nós. Não esqueçamos o que tantas vezes repetimos a locutores e locutoras: temos duas orelhas e uma boca para ouvir o dobro do que falamos.
Esta última frase define muito bem a chamada “subpedagogia” do traseiro. Foi formulada por uma boa radialista: isto entende – dizia apontando para a cabeça – o que isto aguenta – e apontava as nádegas. Quando as pessoas começam a se inquietar nas cadeiras, a mover impacientemente, é hora de sair para tomar um café.
Então… a extrair conhecimentos!