QUANTAS RAÇAS HÁ NO MUNDO?

Radioclip en texto sin audio grabado.

Cientificamente, um branco não é outra coisa que um negro desbotado.

ESTE AUDIO TAMBÉM ESTÁ DISPONÍVEL
EM POWER POINTCLIQUE AQUI

ALUNA Professor!

PROFESSOR Sim?

ALUNA Professor, posso fazer uma pergunta?

PROFESSOR Para perguntar não precisa pedir permissão. Quem faz perguntas, passa por ignorante, uma vez. Quem não as faz, permanece ignorante por toda vida. Então, pergunte o que quiser.

ALUNA Professor, quantas raças há no mundo?

PROFESSOR Quantas raças?

ALUNO 1 Isso é fácil!… Há uma raça para cada continente!

PROFESSOR Não me diga?

ALUNO 2 Não, professor, eu é que sei!… Há quatro raças, quatro: branca, amarela, negra e… e parda. É ou não é, hein?

PROFESSOR Quatro raças, não é mesmo? E você, Analis, o que diz?

ANALIS (PETULANTE) Não sei quantas são… mas uma raça é superior: a nossa, a branca.

TODOS VAIAS

PROFESSOR Pois… pois investiguemos quantas raças há e se alguma é superior às outras. Investiguemos.

CONTROLESICA TRANSIÇÃO

LOCUTORA A resposta está nas mitocôndrias.

LOCUTOR As mitocôndrias são estruturas diminutas dentro das células que nos ajudam a produzir energia.

LOCUTORA As mitocôndrias são herdadas da mãe, não do pai.

LOCUTOR Passam da mãe para a filha…

LOCUTORA Da filha para neta…

LOCUTOR Da neta para a bisneta…

LOCUTORA Se a história humana fosse um filme e o rodássemos para trás, poderíamos retroceder, de geração em geração, até nossas origens.

LOCUTOR Poderíamos chegar à mãe de todos os seres humanos.

LOCUTORA Todas as mitocôndrias femininas, como que entrelaçadas em um longo cordão umbilical, conduzem a…

CONTROLE TAMBORES

LOCUTOR África!

LOCUTORA Há 150 mil anos, no que hoje é Quênia, Tanzânia e Etiópia, evoluíram os primeiros seres humanos.

LOCUTOR Ali viveu aquela mulher.

LOCUTORA Dela descendem os 6 bilhões e meio de seres humanos que hoje habitam o planeta.

CONTROLESICA EMOTIVA

PROFESSOR Estão vendo, alunos? A genética revela sem lugar para dúvidas que a África foi a coluna da humanidade.

ANALIS Um momento, um momento, professor!… Se isso é verdade…quer dizer que Eva foi negra?

PROFESSOR Exatamente.

ANALIS E que nossos antepassados foram negros… e negras?

PROFESSOR Exatamente.

ANALIS Pois então, de onde saíram tantas raças diferentes?

PROFESSOR Melhor dizendo, tantas cores de pele distintas. Porque só há uma raça, a humana.

ALUNO 2 Que tolice!… Então por que eu sou branco, hein?

PROFESSOR Porque lhe falta melanina…

ALUNO 2 Melanina? Não conheço essa senhora…

PROFESSOR Prestem atenção. A melanina é o pigmento que dá cor à pele. Na África, com tanto sol, a pele é escura. É uma proteção natural contra os raios ultravioleta que produzem câncer.

EFEITO VENTO

PROFESSOR Quando nossos antepassados viajaram para climas frios foram perdendo melanina para poder captar os raios solares que lhes permitiam assimilar a vitamina D.

ALUNA Mas, professor, se lhe entendo bem… então um branco não é outra coisa que… que um negro desbotado!

TODOS RISOS

ALUNA E uma branquela como Analis… uma negra descolorada!

TODOS RISOS

PROFESSOR Pois é assim, classe. Cientificamente, é assim. A única diferença entre as chamadas “raças humanas“ consiste em um pouquinho mais ou um pouquinho menos de melanina.

ALUNO 1 Ah, então, os racistas se lascaram! (RISOS E SINAL)

ANALIS Não me convence porque no Canadá e em outros países frios vivem pessoas negras e não desbotam.

ALUNO 1 E a sua avó, onde está? (RISOS)

PROFESSOR É que a mudança de cor não acontece em uma geração, mas através de milhares de anos. A natureza sempre trabalha com paciência. (ENTRA FUNDO MUSICAL) Na verdade, classe. As cores de pele, os cabelos crespos ou lisos, o nariz chato ou comprido, os olhos puxados ou redondos… são simples adaptações do corpo humano aos diferentes ambientes em que viveram nossos antepassados. Não há diferentes raças, mas diferentes climas.

CONTROLESICA EMOTIVA E TAMBORES

LOCUTORA Temos o mesmo sangue, pertencemos a uma só família.

LOCUTOR Da África viemos, da África somos.

BIBLIOGRAFÍA
José Enrique Campillo Álvarez, La cadera de Eva, Ares y Mares, Barcelona 2005.