TÍTULOS OBRIGATÓRIOS?
Para exercer o jornalismo, é preciso um diploma?
Em muitos países da América Latina e Caribe ainda se discute sobre a necesidade de ter um título profissional (isto é, obtido em uma Escola ou Faculdade de Comunicação) para poder exercer o jornalismo.
Este tema merece uma pequena reflexão. Vejamos o que diz a Declaração de Princípios da Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos:
A colegiatura obrigatória ou a exigência de títulos para o exercício da atividade jornalística constitui uma restrição ilegítima da liberdade de expressão.
Por quê? Dirão alguns. Os médicos não precisam de um título para poder exercer a medicina e os arquitetos para exercer a arquitetura? Então, da mesma forma, os jornalistas precisam de um título para exercer sua profissão.
Não é a mesma coisa. Porque não existe um “direito universal” de curar pessoas nem de levantar casas. Mas, sim existe o direito universal à livre expressão de ideias e opiniões. Vejamos o artigo 19 da Declaração Universal de Direitos Humanos:
Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão. Este direito inclui o de não ser molestado por causa de suas opiniões, o de investigar e receber informações e opiniões, e o de difundi-las, sem limitação de fronteiras, por qualquer meio de expressão.
Não há como perder-se. Mas, se por acaso alguém insiste, aí está o artículo 13 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos:
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Este direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda índole, sem consideração de fronteiras, seja oralmente, por escrito ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro procedimento de sua eleição.
Isto é, para informar ou difundir ideias de toda índole por qualquer meio de comunicação o único requisito é ser humano.
Alguém dirá: Se a coisa é assim, melhor fecharmos as faculdades de comunicação!
De modo algum. Melhor abramos mais faculdades de comunicação. Porque necessitamos que quem está atrás dos microfones ou diante das telas, ou nas salas de redação dos jornais e revistas, se capacitem cada dia mais. Oxalá que todos os que sentem a vocação de comunicadores e comunicadoras sociais pudessem ir à universidade e formar-se o melhor possível. Mas não é porque eles conseguiram que vamos negar ao resto da população o direito à palavra e à imagem pública.
Quem puder ir à universidade, terá mais oportunidades de trabalho por seu melhor preparo e seguramente realizará um melhor trabalho comunicativo. Que se alegre por isso.
Todavia algum egoísta dirá: E para que eu estudei se todo mundo pode ser jornalista?
A resposta é fácil e generosa: estudou para melhorar tuas capacidades e competências, para distinguir-te por teus conhecimentos e, sobretudo, para servir melhor a teu povo. Você acha pouco?
O QUE VOCÊ ACHA? DEVE-SE EXIGIR TÍTULO PROFISSIONAL PARA EXERCER O JORNALISMO? ENVIE–NOS TUAS OPINIÕES! (mesmo que não tenha título!)