VIVA AS RADIONOVELAS!
Que podemos fazer para incorporar as telenovelas na programação radial?
A Glória Perez haveria que levantar-lhe uma estatua. Os capítulos de sua telenovela “O Clone” ajudaram como nada nem ninguém na América Latina a contrarrestar a cruzada xenófoba contra o Islam desatada pelo mentecato que hoje governa os Estados Unidos.
Através da família marroquina do Tio Alí conhemos expressiões, danças e costumes musulmanas. Nós somamos ao mundo tutelado pelo Corão e podemos comparar formas de pensar e até ritos. Não resultavam mais atractivas las sensuales bodas islámicas que las aburridas bodas cristãs?
Em nossas emissoras não temos a possibilidade de realizar produções de tamanha envergadura. Mas se podemos debatê-as. Argumentos como o de Xica da Silva, Roque Santeiro e tantos outros, estão repletos de valores cidadãos. Seus protagonistas enfrentam o racismo e o sexismo, a xenofobia e a homofobia. Todas as discriminações aparecem questionadas nas grandes telenovelas brasileiras.
Que podemos fazer? Gravar os áudios da melhor telenovela que estejam passando em seu país. Como quase todo mundo terá visto a noite anterior, a audiência recordará perfeitamente as cenas. Com fragmentos desse áudio podes provocar um apaixonante debate em tua radiorevista. Latifa deve aceitar o segundo matrimônio de Mohamed? Kadija deve ficar com o pai ou com a mãe? E Leo, o rapaz clonado pelo cientista Albieri, que papel joga neste mundo?
Também podemos lançar-nos a produzir narrações, sociodramas, sketches, inclusive radionovelas (largas, como as que produz Vozes Nossas em Costa Rica, ou mais curtas, de cinco capítulos, para passar de segunda a sexta, como as de Rádio Coração em Lima). Os formatos dramatizados são particularmente apropriados para aproximar culturas porque vão direto ao coração, como inyecção de coramina, saltando-se prejuízos e outras confusões mentais.
Chegará o dia, como o inevitável encontro de Jade com Lucas, quando as radios latinoamericanas redescubram o grande valor educativo e os muitos pontos de rating que lhes pode proporcionar o gênero dramático. Maktub!