VOLUNTARIADO?
Será bom ou mau trabalhar com pessoal voluntário?
Muitas rádios comunitárias trabalham com pessoal voluntario. Voluntarias e voluntários na produção, na condução dos programas, nos cargos administrativos e até na direção.
Estes companheiros e companheiras, geralmente jovens, mostram uma grande generosidade, pois dedicam horas e horas para preparar seus libretos, para deslocar-se até a emissora, realizar seus programas sem receber nenhuma remuneração econômica em troca. Merecem nosso reconhecimento e nossos melhores aplausos. Se não fosse este pessoal voluntário, é possível que a emissora comunitária tivesse desaparecido.
Grande generosidade, mas grande instabilidade também. Coloquemos um pouco de realismo neste tema. Os jovens estão hoje aqui e amanhã em outro lugar. Se casam, têm menos tempo livre. Viajam, vão estudar em outra cidade. E a emissora têm que voltar a começar.
Jovens e não tão jovens precisam de recursos para viver. Durante um tempo trabalham sem olhar no relógio e sem esperar recompensa, mas alguém fica doente na família, ou precisa alugar outra casa, ou surgem urgências de todo tipo. E o voluntário tem que procurar um trabalho onde lhe paguem. E a emissora tem que recomeçar.
Há outro problema com o pessoal voluntario. Como não são remunerados é mais difícil exigir que preparem bem o programa. A qualidade baixa, a improvisação aumenta. E, às vezes, lhes ouvimos dizer: “já faço muito em chegar no horário e colocar no ar”.
Somem outro problema. As emissoras privadas andam a caça de bons locutores, de boas animadoras. E quando descobrem um…
― Quanto te pagam nessa rádio? ― pergunta o diretor comercial.
― Nada ― responde o voluntário comunitário.
― Não seja bobo ― o diretor comercial pisca o olho ―. Trabalhe comigo.
E assim, nossas rádios viram trampolins para enriquecer o pessoal das emissoras privadas. Às vezes, falamos de fuga de cérebros. Neste caso, poderíamos falar de fuga de vozes. Fuga de radialistas.
O que fazer frente a esta situação? Alguma vez ouvi esta intolerância: “Pois se querem ir embora, que vão. Que traiam se quiserem. Nós não temos o suficiente para pagar salários”.
Não se trata de nenhuma traição, mas de compreender que com mística não se faz sopa. As pessoas têm necessidades e o voluntariado não pode manter-se indefinidamente.
Assim, nosso desafio é garantir a sustentabilidade econômica da rádio e a permanência do pessoal, especialmente do mais qualificado. Para isso, temos que assegurar recursos que nos permitam contratar uns quantos companheiros e companheiras que formem o núcleo sólido da rádio, a equipe central. Poder contar, pelo menos, com quatro ou cinco colegas pagos em tempo integral. Quando tivermos mais recursos, poderemos aumentar-lhes o salário. E contratar mais alguns.
Isto não impede que continuemos trabalhando com voluntariado em alguns programas. Mas contando com uma equipe estável garantimos o futuro da rádio.
QUER ALGUMAS DICAS PARA A SUSTENIBILIDADE DA TUA RÁDIO?
ENCONTRE-AS AQUI:
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MAIS QUE UMA EMISSORA (3)
UMA MENTALIDAD EMPRESARIAL (4)