UMA RADIO QUE OPINA

Radioclip en texto sin audio grabado.

Um bom exemplo para rádios que querem ter incidência na opinião pública.

Revisemos os informativos de algumas rádios. Que oferecem à audiência? Notícias, notícias, notícias e mais notícias.

E quando opinam? Nunca. Ou quase nunca. Quando tomam posição explícita frente às violações dos Direitos Humanos? Quando já os demais já o fizeram e resulta políticamente correto.

Este vazio editorial na programação de muitas emissoras merece uma reflexão. Por que não opinam? As vezes, temos escutado esta surpreendente resposta:

―Porque somos imparciais.

Imparciais? Quem disse que o bom jornalismo deve ser imparcial? Plurais sim, porque damos oportunidade a todas as vozes e respeitamos todas as opiniões. Independentes também, porque nossa opção política não deve negar o relato honesto dos fatos que ocurrem.

Mas não somos nem podemos ser imparciais. O mundo no qual vivemos é insultantemente injusto e discriminador. Uma emissora com entranhas, com sensibilidade social, porá suas melhores energias em favor das causas cidadãs, ainda com o risco que isso implica.

Mary Pérez Cora conduz o programa informativo na Rádio La Voz de la Selva, em Iquitos, Peru. No segmento que anexamos, desafia nada menos que ao flamante presidente regional de Loreto, Sr. Iván Vázquez Varela, o mesmo dia que assume o cargo. E o denuncia por haver posto a um amiguinho seu, Presidente dos Concessionários Forestais, a frente de uma institução pública, INRENA, que se ocupa precisamente de controlar ditas concessões. O rato cuidando o quejo.

INFORMATIVO LVS

Notem o tom quente e a linguagem desenfadada, própria de quem vive na selva amazônica. E notem, sobre tudo, a valentia com que esta reporte, respaldada por sua equipe de imprensa e a direção da emissora, assume a denúncia.

Já se poderão imaginar que a rádio foi ameaçada, que a Mary Pérez tentaram comprá-la, suborná-la. Mas sua ética jornalística é a melhor vacina frente aos corruptos. Também poderão imaginar que programas como este, além de conquistar altos níveis de audiência, se convertem em fonte informativa e ampliam a agenda.

Um bom exemplo para rádios que querem ter incidência na opinião pública.