A REBELIÃO DOS INDIGNADOS

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A juventude espanhola levanta a bandeira da indignação contra políticos e banqueiros corruptos.

O que está acontecendo na Espanha é algo difícil de acreditar. A coisa começou em 15 de maio passado com as marchas de milhões de pessoas em Madri e em várias cidades de província. Em sua maioria jovens, os manifestantes protestavam contra o desemprego que afeta a metade da população menor de 30 anos, pediam punição para os responsáveis pela crise econômica e exigiam uma mudança radical no rumo da política.

– É que estamos cabreiros, muito cabreiros! – dizia Elena, uma jovem madrilena.

Terminou a marcha, mas não terminou a indignação. Essa noite, milhares de jovens decidiram acampar na Puerta del Sol no centro, a poucos metros do Congresso dos Deputados.

Como este domingo 22 há eleições municipais e autonômicas, a Junta Eleitoral ordenou desalojar a praça. Pouco importou aos manifestantes. Lá continuaram, com a mesma teimosia dos jovens da Tunísia e do Egito.

– Não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros! – levantava Nacho, outro jovem indignado, um cartaz provocativo.

– Nem nas mãos dos meios de incomunicação massiva! – gritava Miguel a seu lado.

As redes sociais fizeram a melhor convocatória. Os jovens se avisavam através de facebook, de youtube…

 

O protesto se estendeu como mancha de aceite de oliva. Ao grito de “Democracia real já”, a juventude tomou as praças de todas as capitais espanholas.

– Somos a geração NINI, nem PSOE nem PP! – gritava Ana, outra indignada.

O protesto pegou de surpresa a classe política. Nem Zapatero nem Rajoy, nem os deputados nem os banqueiros nem os jornalistas, imaginavam quanta indignação estava sendo cozida sob seus pés.

Nunca ouviram os jovens desempregados, que são a metade. Nem as famílias que perderam as casas, que são milhares. Nem os espoliados pelos bancos, que são dezenas de milhares. Nem os pequenos e médios empresários que fecharam suas empresas porque não recebem nem um euro dos bancos que usam as ajudas públicas para continuar especulando. Nem os pais e mães de família que têm cada vez mais dificuldades para esticar o dinheiro até o final do mês.

– Nada de partidos!… Aqui, na Puerta del Sol, estão proibidas os cartazes políticos!

A Puerta del Sol se tornou uma ágora democrática. As pessoas opinam e debatem. Também comem, cantam e montam barracas para dormir.

– Abaixo a Lei de Estrangeiros e o Plano Bolonha!

– É preciso acabar com o apoio estatal à Igreja!

– Os responsáveis pela crise têm nome!… Que paguem com dinheiro e cadeia por seus crimes econômicos!

As revoluções no mundo árabe inspiraram estes protestos. Mostram que a ação coletiva é útil, que “sim, podemos”. Também a vitória na Islândia. É possível meter na cadeia os políticos corruptos e os banqueiros ainda mais corruptos.

Da América Latina, recebam vocês, jovens espanhóis, nossa melhor solidariedade. Acampamos à distância com vocês porque também nós, deste lado do mundo, estamos indignados!

BIBLIOGRAFÍA
Juan Torres López, Hartos de estafas y de impunidad,

http://comunidad.terra.es/forums/thread/13107664.aspx