A RUNAMULA
NARRADORA Na selva, conta-se que a mulher que faz amor com homens proibidos, com os padres ou com o esposo de sua melhor amiga, está amaldiçoada.
Nas noites de lua cheia se transforma em Runamula ( MULA SEM CABEÇA?), em mulher centauro, metade fêmea, metade cavalo.
Nestas noites, ela convertida em Runamula, corre, frenéticamente.
E os homens e mulheres despeitados se escondem com ramos, com paus. E quando ela passa, a ferem e batem.
Na manhã seguinte, novamente convertida em mulher, acorda em sua cama a Runamula, sangrando, com feridas e ela não sabe por que. Mas as pessoas sim.
E o que as pessoas não sabem é que nas noites de lua cheia a Runamula salta e arranca a lua com suas próprias mãos e passeia com lua pelos cinco rincões do planeta.
Essas noites de lua cheia, ela se veste de noiva e vai até um porto, a um embarcadeiro, onde chegam todas as canoas que marcam os caminhos da vida.
Aquí espera a aquele que a fará cruzar à outra margem.
As pessoas amaldiçoam à Runamula. Mas ela não se sabe Runamula. Ela se sabe amante, poeta, sonhadora, companheira de todos os que transitam os senderos infinitos do amor.