CONTRATOS DE LIXO (2)
Jovens indignados exigindo trabalho. Exigindo futuro.
LOCUTORA Universitárias vendendo calças em grandes armazéns.
LOCUTOR Informáticos conduzindo táxis.
LOCUTORA Jovens oferecendo balas ou fazendo malabarismos nos semáforos.
LOCUTOR Desemprego juvenil. Em todos os países da América Latina se vêem cenas como estas.
CÉSAR SABALLOS Está o jovem que tem entre 16 e 20 anos que está limpando vidros, como não tem trabalho. Mas neste caso com violência.
EFEITO CENA DE ASSALTO
CESAR SABALLOS Se aproximam de onde está o condutor e lhe dizem: Hoje não aguento nada. Que é como dizer-lhe me tens que dar algo. Nada não é uma opção.
LOCUTORA O conflito armado que vive Colômbia agrava a situação, como nos conta Tania Visbal, radialista de Bucaramanga.
TANIA VISBAL Se um jovem não tem emprego, imagina-te para onde se vai: a engrossar as filas dos grupos armados. Se eu não tenho dinheiro, se estou vendo que meus irmãozinhos morrem de fome, mas qualquer um que te oferece trezentos dólares por mês, tu te vas. Para a que seja, te vas. Seguir engrossando as linhas das forças armadas de todo tipo, para sobreviver.
LOCUTOR Outros muitos jovens tomaram a dura decisão de emigrar em busca de emprego.
LOCUTORA No Equador, principal país exportador de mão de obra barata ã Europa, o sabem muito bem como nos conta Jhonny Padilla, de Radio Mira, provícia del Carchi.
JHONNY PADILLA Os jovens, lastimosamente, não têm opção de trabalho e os povos estão transformando-se em povos fantasmas devido à migração. O trabalho, sinceramente, é um luxo. Alguém que tenha trabalho é uma pessoa muito beneficiada.
LOCUTOR Por anos os "doutores do neoliberalismo" venderam receitas mágicas para subsanar o problema, mas serviram de pouco. Pelo contrário, pioraram a situação.
JHONNY PADILLA A dolarização nos golpeou muito, especialmente a nós que vivemos em região fronteiriça, em meu caso, com Colômbia.
HUGO ZAPATA O que eu posso te dizer é que para o cidadão descalço em troca pelo Tratado de Livre Comércio, com os Estados Unidos, não nota a realidade.
CONTROL MÚSICA LATINOAMERICANA
LOCUTORA E que fazem os governos? Frente a sua falta de iniciativas, os próprios trabalhadores e trabalhadoras tomam a palavra, tomam os microfones e este primeiro de maio elevam sua voz para apontar soluções.
LOCUTURA Flavio Giménez, jornalista, eletricista e pintor argentino.
FLAVIO GIMÉNEZ Temos que ter em conta que na Argentina se destruiu todo o que é o aparato produtivo, se destruiu todo o que é o aparato do Estado como gerador de trabalho e tal vez seja bom isso, que o Estado volte a ser o motor gerador de postos de trabalho.
LOCUTURA Mônica Marchesi, comunicadora de Fe e Alegria Maracaibo, Venezuela.
MÓNICA MARCHESSI Eu creio que uma das grandes soluções é mudar a capacitação trabalhista com os estudos. Eu sinto que nas universidades é muito diferente o que te ensinam com o que te consegues no campo de trabalho em qualquer área. Poderiam treinar aos jovens em ofícios, nem todos têm que ser universitários.
LOCUTORA Fernando Montalván, radialista e sindicalista peruano:
FERNANDO MONTALVÁN Se o Estado pudesse arrecadar o que tem que arrecadar, o que escapa, outro seria o cantar. Se poderia investir em educação. Em educação técnica. Nós não temos indústria, desgraçadamente.
CONTROL GOLPE MUSICAL
LOCUTORA Jovens sem oportunidades de trabalho que lhes permitam independência, crescer, formar uma família com qualidade de vida. Jovens desempregados. Jovens indignados exigindo trabalho. Exigindo futuro.
LOCUTOR Neste primeiro de Maio, com a lembrança dos mártires de Chicago, com a memória daqueles jovens franceses que tomaram as ruas em maio de 68 e dos que hoje voltaram a fazer-se donos destas…
LOCUTORA … reivindiquemos um trabalho justo e digno para todos e todas.
Este radioclip foi elaborado com chamadas via SKYPE a diferentes países da América Latina. Obrigado, amigas e amigos radialistas!