FORÇADAS À CLANDESTINIDADE

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Discriminalizar o aborto para evitar a morte de milhões de mulheres pobres.

MULHER O João foi embora de casa. Disse que não quer mais filhos, que eu devia ter me cuidado. Como poderia, se ele me obrigava? Meus cinco filhos não têm o que comer. E agora outro… Minha comadre Teresa conhece um enfermeiro que pode ajudar… Mas se eu morrer? Tenho medo.

CONTROLE GOLPE MUSICAL

LOCUTOR Todos os anos, milhões de mulheres são expostas à terrível decisão de ter um filho não desejado. A mulher grávida torna-se a única responsável e a única que enfrentará o cuidado dessa criatura.

HOMEM Não tenho nado com isso!… A culpa é dela.

LOCUTORA A mulher é condenada por todos. Engravida-se, tem a culpa. Aborta-se, tem a culpa. O homem, na maioria das vezes, lava as mãos.

LOCUTOR Seja por má situação econômica, por abandono de seus parceiros, por excesso de filhos, por ignorância de métodos contraceptivos, por incesto, violação, risco de vida da mãe, por má formação do feto, seja qual for a razão, a cada ano 50 milhões de mulheres no mundo recorrem ao aborto.

DICA As mulheres não desejam o aborto nem o elegem como método contraceptivo. Tenho muitos anos de exercício da medicina e jamais conheci uma mulher que diga: "ah não, eu não quero uma pílula, não quero DIU, o que eu gosto é de abortar".

LOCUTORA Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos países em desenvolvimento são realizados a cada ano 20 milhões de abortos ilegais e em péssimas condições. Estes abortos são penalizados e podem levar à prisão as mulheres que os praticam.

LOCUTOR À prisão e à morte. Os abortos em más condições são um problema de saúde pública e uma das principais causas de mortalidade materna. Calcula-se que só nos países pobres 80 mil mulheres morrem anualmente em decorrência deles.

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LOCUTORA O Parlamento Europeu acaba de votar a favor da legalização do aborto em toda a União. E as Nações Unidas estão revisando as políticas nacionais sobre este tema.

LOCUTOR A União Européia propõe uma planificação familiar responsável,

LOCUTORA uma educação sexual apropriada e massiva,

LOCUTOR discriminalizar às mulheres que praticaram um aborto ilegal,

LOCUTORA distribuir a pílula do dia seguinte,

LOCUTOR e assegurar um acesso igualitário aos contraceptivos para todos os cidadãos e cidadãs.

DICA Discriminalizar o aborto não quer dizer promover o aborto. Trata-se de evitar a morte de milhões de mulheres, sobretudo pobres, que não tem outra alternativa que interromper sua gravidez frente o abandono social.

LOCUTORA O aborto continua em debate. Por razões sociais ou religiosas, com argumentos biológicos ou espirituais, discutem e decidem, sobretudo, os homens. E a nossa opinião, a das mulheres? Continuaremos culpabilizadas e forçadas à clandestinidade?

BIBLIOGRAFÍA
Nações Unidas, Abortion Policies: A Global Review,
www.un.org/esa/population/publications/abortion/abortion.htm