OS FARANDULEROS (2)
Se por acaso ganham uma viagem ao estrangeiro sentem um prazer indescritível.
Esta raça de diretores e diretoras pensa que a emissora é uma passarela. Chegam elegantes e perfumados, sorriem charmosamente para todo mundo, se dirigem com ar triunfante ao seu escritório.
Se sentem muito importantes em seu cargo. Desde que os nomearam, mudaram de look, engomaram o cabelo e estrearam seus óculos escuros.
Como são fanfarrões e presunçosos, o que mais lhes agrada na emissora é estar fora dela. As relações públicas, as visitas, a eventual participação em um congresso da associação. Aí estão em sua praia. E se por uma sorte do destino ganham uma viagem ao estrangeiro sentem um prazer indescritível e contam a notícia para todo o pessoal da rádio, incluindo o técnico da antena e a faxineira.
MOÇA E onde que fica isso, patrão?
DIRETOR Como onde fica? Na Colômbia, garota burra.
MOÇA E fica ao norte ou ao sul?
DIRETOR Bom, isso eu não sei… Mas tenho que comprar algumas camisas chiques e um terno novo, de cor salmão.
GAROTA E o que você vai fazer nesse lugar?
DIRETOR O que os diretores fazem: representar à emissora.
Esse é seu esporte favorito, viajar e associar-se com outros diretores, talvez com alguns artistas e cantores famosos, e escutar os aplausos depois de sua retocada apresentação em power point.
Estes galãs investem muito na imagem da rádio (que identificam com sua própria imagem). Fazem cartões de visita, compram a mais vistosa poltrona gerencial e seu escritório cheira a colônia alternativa. Com certeza, contam com um celular de última geração e um laptop que levam até quando vão tomar um café na esquina.
Existe reabilitação para fanfarrões e fanfarronas? Talvez sim. Talvez alguns colegas da rádio possam o aproximar do povo e das suas lutas. Talvez escutem entrevistas e debates de gente humilde e compreendam que as pessoas valem pelo que são e não pelo que ostentam.