SEMPRE E NUNCA CONTRA ÀS VEZES

Um conto do subcomandante Marcos…

NARRADOR Era uma vez duas vezes. Uma se chamava…

MENINA 1 … Uma vez

NARRADOR E a outra se chamava…

MENINA 2 …Outra vez.

NARRADOR Uma e Outra vez formavam a família…

MENINAS 1 e 2 …Às vezes

NARRADOR …que vivia e comia de vez em quando.

CONTROLE GOLPE MUSICAL

NARRADOR Os grandes impérios dominantes eram…

HOMEM 1 … Sempre

NARRADOR …e…

HOMEM 2 …Nunca…

NARRADOR …que, como é evidente, tinham ódio mortal da família Às vezes. Nem Sempre nem Nunca toleravam que Às vezes existissem. Sempre não podia permitir que Uma vez vivesse em seu reino porque então Sempre deixava de sê-lo…

HOMEM 1 …porque se já existe uma vez então já não existe sempre.

NARRADOR Nunca também não podia permitir que Outra vez aparecesse outra vez em seu reino porque Nunca não pode viver com Uma vez…

HOMEM 2 …muito menos se essa vez é Outra vez.

NARRADOR Mas Uma vez e Outra vez ficavam aporrinhando uma e outra vez de Sempre e Nunca. E foi assim até que Sempre as deixou em paz para sempre e Nunca nunca voltou a lhes incomodar. E Uma vez e Outra vez viveram brincando uma e outra vez.

MENINA 1 É a minha vez?

NARRADOR …perguntava Uma vez, e Outra vez respondia:

MENINA 2 Não é a minha vez?

NARRADOR E assim viveram felizes de vez em quando. E sempre foram Uma e Outra vez e nunca deixaram de ser Às vezes. Ratimbum.

CONTROL GOLPE MUSICAL

NARRADOR Moral 1: Às vezes é muito difícil distinguir entre uma vez e outra vez.

Moral 2: Nunca tem que dizer sempre (bom, às vezes sim).

Moral 3: Os “sempres” e os “nuncas” impõe os de cima, mas abaixo aparecem “os incômodos” uma e outra vez que, às vezes, é outra forma de dizer “os diferentes” ou de vez em quando, “os rebeldes”.

Moral 4: Nunca volto a escrever um conto como este, e eu sempre cumpro o que digo (bom, às vezes não).