UMA MULHER COM MUITA SAIA (1)

Radioclip en texto sin audio grabado.

Ramona, comandante do Exército Zapatista de Libertação Nacional.

EFEITO MERCADO

MENINA Pulseiras, pulseiras… Compre senhorita… leve-a Comandante Ramona…

NARRADOR No Zócalo, no mero centro da capital mexicana, uma jovenzinha oferece bonecos com a figura do subcomandante Marcos e bonecas como Ramona.

MENINA Aqui tem Ramona a cavalo!… Aqui está Ramona com seu rifle! Aqui a Comandante Ramona com seu huipil de Santo André!

NARRADOR E disse com os olhos cintilantes…

MENINA Ela esteve aqui!

CONTROL GOLPE MUSICAL

NARRADOR A Comandante Ramona, indígena tzotzil, dirigente do Exército Zapatista de Libertação Nacional e do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena, nasceu em Santo André, Chiapas, em 1959. Desde menina trabalhou bordando, como a maioria das mulheres de seu povo.

RAMONA Três anos para bordar uma blusa. E quando baixamos a São Cristovão, nos pagavam uma miséria. Saí de minha comunidade pela pura pobreza. Aí conheci os companheiros.

CONTROL MARCHA EZLN

NARRADOR O Exército Zapatista começou sua luta em 1983 em Chiapas, umo dos estados mais pobres do México. Em 1º. de janeiro de 1994 apareceu na cena pública, depois da assinatura do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos e Canadá.

EFEITO MANIFESTAÇÃO

REPÓRTER Milhares de indígenas tomaram as popoluções de São Cristovão das Casas, Altamirano, As Margaritas, Ocosingo, Oxchuc, Huixtán e Chanal em Chiapas. Se opõem ao TLC e estão chamando aos mexicanos a depor o presidente Salinas de Gortari.

VARIOS Hoje dizemos BASTA!

NARRADOR Sob o lema Já Basta, publicaram a Primeira Declaração da Selva Lacandona. E após difíceis negociações com o governo, assinaram os acordos de santo andré que incluíam direitos e autonomia constitucionais aos povos indígenas.

CONTROL MARCHA ZAPATISTA

PERIODISTA Dirigindo a tomada de São Cristovão das Casas está uma mulher. Leva um rifle pendurado ao hombro, usa pasamontañas, saias azuis e um huipil com bordados vermelhos. A chamam Comandante Ramona.

RAMONA Foi o mesmo povo o que nos disse já, comecemos. Não aguentamos mais, estamos morrendo de fome.

CONTROL MARCHA ZAPATISTA

NARRADOR Nos dias siguintes à ocupação, durante as conversações entre o exército zapatista eo governo federal, Ramona aparecia sempre à direita do mediador, o bispo Samuel Ruiz.

MULHER 1 A mim me custa segui-la quando caminhamos pela selva. Se necessita dar uma ordem à uma esquadra de homens, diz Faça-o! E os homens o fazem.

MULHER 2 A Comandante Ramona é uma mulher-mulher. Uma mulher com muita saia.

NARRADOR Sentada à mesa de negociações , seus pés não alcançavam o chão. Por sua baixa estatura uma jornalista a chamou laverito.

CONTROL MARCHA ZAPATISTA

NARRADOR A Comandante Ramona impulsionou e defendeu os direitos das mulheres. O Subcomandante Marcos escreveu:

MARCOS A primeira revolução zapatista não ocorreu em janeiro de 94 se não em março de 93, quando as mulheres zapatistas “impuseram” sua Lei revolucionária.

INDÍGENA Todas as mulheres, indígenas e não indígenas, somos pessoas que sabemos pensar, sabemos atuar e temos dignidade…por isso, como todos os seres humanos, temos direito a ser levadas em consideração e a ser respeitadas, porque no é certo que não valemos nada ou não servimos para nada, como muitas vezes nos dizem. Direito a defender-se quando somos maltratadas, humilhadas ou até golpeadas, pelos próprios esposos, dos pais, dos irmãos,assim como o marca a Lei Revolucionária das Mulheres.

NARRADOR Durante anos, a comandante Ramona e a comandante Esther haviam percorrido Chiapas, comunidade por comunidade, para elaborar a Lei Revolucionária das Mulheres.

INDÍGENA Também temos direito de participar nas reuniões e assembleias da comunidade e do município, de dar nossa palavra e nossa opinião, porque também nós somos integrantes da comunidade e do povo. Temos direito de ser nomeadas autoridades sem que ninguém se oponha. Direito a uma educação igual que os homens, por isso às meninas há que dar-lhes seu diretio, não só aos meninos. Devemos ter direito a dizer quantos filhos ter e cuidar, porque nós somos as que mais sofremos para dar a luz, cuidar, alimentar. Por isso, se deve respeitar nossa decisão quando já não queremos mais filhos. Todas as mulheres indígenas e camponesas devemos ter direito à mãe terra porque nós também sabemos cuidá-la, respeitá-la, amá-la e trabalhá-la. Por isso, devemos ter direitos iguais aos dos homens.

CONTROL Marcha Zapatista

LOCUTORA Continuará

BIBLIOGRAFIA
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