A REVOLUÇÃO DAS FRANCESAS
Olimpia de Gouges, revolucionária, heroína dos direitos humanos.
OLIMPIA Mulheres! Quando romperemos as cadeias da opressão masculina?… Obedecer e calar-nos é a sentença de um mundo governado por homens!
EFEITOS ACLAMAÇÕES DE MULHERES
LOCUTOR Olimpia de Gouges nasceu em Montauban em 1748. Desde jovem foi viver em Paris onde se dedicou a grande paixão de sua vida, escrever.
LOCUTORA Publicou novelas, obras teatrais e artigos políticos. Fundou e dirigiu um jornal, O Impaciente.
HOMENS (GRITOS) Liberdade, igualdade, fraternidade!
LOCUTOR Naquela época, a França vivia a efervescência da Revolução.
LOCUTORA Robespierre e Marat discursavam para o povo sob as novas ordens republicanas.
LOCUTOR A Assembléia Revolucionária acabava de aprovar a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
OLIMPIA E os direitos da Mulher, onde ficam?
LOCUTORA Olimpia e as revolucionárias francesas protestaram energicamente
LOCUTOR Enviaram cartas à Assembléia, mas os homens as ignoraram. Nos clubes jacobinos a entrada delas não era permitida. Ali, só eles decidiam os destinos da nova República.
OLIMPIA Eu digo aos homens da França que nenhuma revolução será exitosa sem a participação das mulheres!
LOCUTORA Em 1789, no mesmo ano da Tomada da Bastilha, as francesas se mobilizaram e organizaram a Sociedade de Mulheres Republicanas e Revolucionárias.
LOCUTOR Dois anos mais tarde, Olimpia de Gouges escreveu a mais brilhante alegação a favor das reivindicações femininas. A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã:
OLIMPIA A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos que o homem. Todos os cidadãos e cidadãs devem ser igualmente admitidos para cargos e empregos públicos sem outra condição que suas capacidades.
LOCUTORA Olimpia de Gouges reivindicou um tratamento igualitário para mulher em todos os âmbitos da vida:
LOCUTOR O direito ao voto…
LOCUTORA A exercer cargos públicos…
LOCUTOR À propriedade…
LOCUTORA À educação…
LOCUTOR A compartilhar o poder na família, inclusive na igreja.
CONTROL CORTINA FRANCESA RÁPIDA
LOCUTORA Os revolucionários, apesar de suas declarações sobre a igualdade, justificavam a escravidão dos negros nas colônias francesas do Haiti e Martinica.
LOCUTOR Olimpia de Gouges criticou duramente esta incoerência:
OLIMPIA O direito é para todos, homens e mulheres, negros e brancos. Não pode haver revolução verdadeira enquanto existam seres humanos escravizados!
LOCUTORA A criticaram por seu radicalismo.
LOCUTOR A ridicularizaram por seu feminismo.
LOCUTORA Não aceitavam nenhuma oposição política, e muito menos vinda de uma mulher.
LOCUTOR Quando mais tarde Olimpia de Gouges se opôs à pena de morto contra o rei Luís XVI e sua família, Robespierre e Marat declararam-na inimiga da Revolução.
HOMBRE É uma traidora!… Matem-na!
LOCUTORA Olimpia de Gouges foi guilhotinada em 1793 pelos mesmos revolucionários que falavam de liberdade e de justiça. A Revolução era para os franceses, não para as francesas.
CONTROLE MÚSICA TRISTE
LOCUTOR Pouco depois de sua morte, as mulheres foram proibidas de qualquer atividade pública e participação política.
LOCUTORA Obrigaram-nas a voltar para cozinha e para cama.
LOCUTOR Legitimou-se, novamente, a violência cotidiana contra a mulher.
CONTROLE MÚSICA EMOTIVA
LOCUTORA Olimpia de Gouges, heroína dos direitos humanos. Seu nome é apenas citado nos livros de história da Revolução Francesa, mas sua vida é uma bandeira ao vento para todas as mulheres do mundo.
Oliva Blanco Corujo, Olimpia de Gouges, Ediciones del Orto, Madrid, 2000.