BREVE HISTÓRIA DO DINHEIRO (3)

Radioclip en texto sin audio grabado.

Das moedas de ouro e prata ao papel moeda.

NARRADORA Para facilitar o comércio, a compra e a venda de produtos e serviços, as pessoas usavam moedas. E para facilitar o traslado dessas moedas, no século 9, durante a dinastia Tang, os chineses inventaram…

CHINÊS A moeda de papel!

MULHER Uma moeda de papel?

CHINÊS Claro. A senhora quer viajar desta cidade para outra cidade. Então, a senhora deixa as moedas de ouro comigo e eu lhe dou este papelzinho…

MULHER Está louco, chinês. Como eu vou trocar ouro por papeizinhos?

CHINÊS Porque neste papelzinho, escrito com tinta chinesa, diz: “Pagarei à senhora Joana Pérez a quantidade de cinco moedas de ouro.”

MULHER E depois?

CHINÊS Depois, a senhora chega à outra cidade, entrega o papelzinho, e lá outro chinês lhe devolve seu ouro.

MULHER E por fazer-me esse favor, o senhor ganha?

CHINÊS Uma pequena comissão sobre a quantidade depositada pela senhora. Então? A senhora se intelessa?

MULHER Me intelesso sim, chinês… Mas… e se pelo caminho me roubam o papelzinho?

CHINÊS Não acontece nada. Porque aí diz “Joana Pérez”. Só a senhora pode cobrar, o ladrão não.

MULHER Vocês chineses sabem de tudo, não é?

CHINÊS Sabedoria milenar, senhora.

NARRADORA E assim se inventou o “papel moeda”. Também inventaram os “bancos”, que recebiam o ouro e entregavam “pagarei” ou “letras de cambio”, as avós de nossas cédulas atuais.

CONTROLESICA DE ÉPOCA

NARRADORA No século 14, os comerciantes venezianos se entusiasmaram com a invenção chinesa…

ITALIANO Arrivederchi moedas e benvenuto papeizinhos!

NARRADORA O sistema se estendeu rapidamente. No começo, tudo era legal. Os banqueiros só emitiam papéis segundo a quantidade de ouro recebido. Mas…

ITALIANO Ascolta. Em vez de ficar com o ouro guardado, emprestamos… (RISOS)

NARRADORA Os banqueiros recebiam o ouro das pessoas e faziam empréstimos a terceiros cobrando altos juros. Desta maneira, os bancos de depósito se tornaram bancos de empréstimo. Banqueiros e usurários eram a mesma coisa.

HOMEM Mas para fazer isso tinham que imprimir mais papeizinhos que o ouro que tinham guardado em seus cofres.

NARRADORA E isso foi o que fizeram. Assim, logo a cidade de Veneza ficou Cheia de papéis que marcavam um valor, mas não estavam respaldados por nada.

EFEITO TUMULTO GENTE

EFEITO PORTA

ITALIANO O que os senhores querem?

MULHER Viemos retirar nosso dinheiro.

ITALIANO Mas…

MULHER Mas nada. Devolva nosso ouro cantante e sonante.

NARRADORA Na Itália do Renascimento, os banqueiros faziam seus negócios nos mercados em uma banca de madeira. Se os depositantes desconfiavam e reclamavam todos juntos ao mesmo tempo…

ITALIANO Um pouco de paciência…

MULHER Paciência?… Agora você vai ver!

EFEITO PANCADA DE MADEIRA

NARRADORA… Os clientes enfurecidos quebravam a banca na cabeça dele. Daí vem o nome de “bancarrota”.

CONTROLESICA DE TRANSIÇÃO

NARRADORA Mas isso acontecia raras vezes, porque as pessoas confiavam, e os papeizinhos circulavam, e todo mundo estava conforme. Sobretudo, os banqueiros.

BANQUERO É um negócio redondo, redondo como uma moeda de ouro…
que tontos, que tontos!

NARRADORA Você estará se perguntado… por que sou um tonto? Onde está o truque? Como funciona um banco? Mas isso, eu conto em outro momento.

CONTINUA

BIBLIOGRAFÍA
Carlos Malbrán, Paren el mundo, me quiero bajar, octubre 2008.